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Prioridades chinesas
Sinais ambíguos têm sido emitidos por autoridades chinesas sobre a possibilidade de lenta abertura política no país.
Saudados com entusiasmo por
parte dos observadores externos,
eles parecem se destinar à satisfação retórica das cautelosas pressões ocidentais por mais democracia no gigante asiático. Nada indica que se preparem condições para um efetivo compromisso com a
incorporação dos cidadãos ao processo decisório do país ou com a
garantia de seus direitos civis.
Na última semana, o Partido
Comunista prometeu esforços "vigorosos ainda que estáveis" para
promover a "reestruturação política" da China. Dias antes, um grupo de 23 ex-integrantes do PC havia divulgado uma carta aberta
em que exortava o governo a abolir o aparato de censura do país.
Mas o documento, que lembra a
garantia de liberdade de expressão contida na Constituição chinesa, foi rapidamente retirado da
internet. Informações sobre a concessão do Prêmio Nobel da Paz ao
dissidente Liu Xiaobo, no início
do mês, já haviam sofrido restrição semelhante.
A mesma espécie de contradição marcou declarações do próprio primeiro-ministro, Wen Jiabao. Em discursos e entrevistas
neste ano, o dirigente defendeu
reformas políticas na China. As
opiniões, bem recebidas em toda
parte, foram sistematicamente
censuradas dentro do país.
Essas manifestações políticas
têm pouco efeito prático. Os 23 signatários da carta pró-liberdade se
encontram aposentados por idade. Não participam de nenhuma
instância decisória do PC.
Preocupado com sua manutenção no poder, o partido monitora
fontes de insatisfação na sociedade e procura estancar a possibilidade de pressões populares. Entre
suas prioridades, para os próximos anos, encontra-se a geração
de empregos e a garantia de moradia urbana barata para os chineses. Nada consta sobre anseios de
voto democrático ou liberdade.
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