São Paulo, segunda-feira, 25 de outubro de 2010

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Editoriais

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Prioridades chinesas

Sinais ambíguos têm sido emitidos por autoridades chinesas sobre a possibilidade de lenta abertura política no país.
Saudados com entusiasmo por parte dos observadores externos, eles parecem se destinar à satisfação retórica das cautelosas pressões ocidentais por mais democracia no gigante asiático. Nada indica que se preparem condições para um efetivo compromisso com a incorporação dos cidadãos ao processo decisório do país ou com a garantia de seus direitos civis.
Na última semana, o Partido Comunista prometeu esforços "vigorosos ainda que estáveis" para promover a "reestruturação política" da China. Dias antes, um grupo de 23 ex-integrantes do PC havia divulgado uma carta aberta em que exortava o governo a abolir o aparato de censura do país.
Mas o documento, que lembra a garantia de liberdade de expressão contida na Constituição chinesa, foi rapidamente retirado da internet. Informações sobre a concessão do Prêmio Nobel da Paz ao dissidente Liu Xiaobo, no início do mês, já haviam sofrido restrição semelhante.
A mesma espécie de contradição marcou declarações do próprio primeiro-ministro, Wen Jiabao. Em discursos e entrevistas neste ano, o dirigente defendeu reformas políticas na China. As opiniões, bem recebidas em toda parte, foram sistematicamente censuradas dentro do país.
Essas manifestações políticas têm pouco efeito prático. Os 23 signatários da carta pró-liberdade se encontram aposentados por idade. Não participam de nenhuma instância decisória do PC.
Preocupado com sua manutenção no poder, o partido monitora fontes de insatisfação na sociedade e procura estancar a possibilidade de pressões populares. Entre suas prioridades, para os próximos anos, encontra-se a geração de empregos e a garantia de moradia urbana barata para os chineses. Nada consta sobre anseios de voto democrático ou liberdade.


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