São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EXPANSÃO E RISCOS

As políticas fiscais e monetárias expansionistas implementadas nas principais áreas monetárias -dólar, euro e iene- vão impulsionando uma recuperação mundial sincronizada, sob a liderança norte-americana. Essa retomada, no entanto, acentuou os desequilíbrios entre os EUA e os países asiáticos. O déficit em conta corrente norte-americano atingiu US$ 550 bilhões e o déficit público, US$ 450 bilhões, totalizando a necessidade de US$ 1 trilhão de financiamento anual -que é suprida sobretudo pelos países da Ásia, graças aos elevados superávits na balança comercial.
Enquanto a simbiose entre os déficits norte-americanos e as reservas internacionais asiáticas perdurar, a expansão mundial poderá prosseguir, ainda que sujeita a turbulências. A compra líquida de ações e títulos norte-americanos realizada por estrangeiros caiu de US$ 50 bilhões em agosto para US$ 4 bilhões em setembro. Esse fato trouxe instabilidade aos mercados e colaborou para a acentuada desvalorização do dólar.
A elevada necessidade de financiamento da economia americana sinaliza que os ativos em dólar tenderão a se desvalorizar, a despeito das compras de governos e bancos centrais asiáticos. A queda na demanda dos investidores privados não reflete o fortalecimento do euro ou do iene, mas os desequilíbrios da economia americana, o que pode elevar a volatilidade dos mercados de câmbio.
É nesse contexto que se deve entender as pressões dos EUA para a valorização da moeda chinesa e a imposição de restrições às suas exportações de produtos têxteis, a fim de reduzir o maior déficit comercial com a região asiática. Trata-se, no entanto, de uma aposta arriscada. Os mercados financeiros privados podem desvalorizar abruptamente o dólar e promover uma elevação das taxas de juros.
Para países emergentes altamente endividados, como o Brasil, seria recomendável aproveitar as perspectivas expansionistas para reduzir a dependência externa -ampliando seus saldos comerciais, para prevenir crises financeiras futuras.


Texto Anterior: Editoriais: RACHA NA ECONOMIA
Próximo Texto: Editoriais: MUDANÇA NA GEÓRGIA

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.