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EXPANSÃO E RISCOS
As políticas fiscais e monetárias expansionistas implementadas nas principais áreas monetárias -dólar, euro e iene- vão impulsionando uma recuperação mundial sincronizada, sob a liderança
norte-americana. Essa retomada, no
entanto, acentuou os desequilíbrios
entre os EUA e os países asiáticos. O
déficit em conta corrente norte-americano atingiu US$ 550 bilhões e o
déficit público, US$ 450 bilhões, totalizando a necessidade de US$ 1 trilhão de financiamento anual -que é
suprida sobretudo pelos países da
Ásia, graças aos elevados superávits
na balança comercial.
Enquanto a simbiose entre os déficits norte-americanos e as reservas
internacionais asiáticas perdurar, a
expansão mundial poderá prosseguir, ainda que sujeita a turbulências. A compra líquida de ações e títulos norte-americanos realizada por
estrangeiros caiu de US$ 50 bilhões
em agosto para US$ 4 bilhões em setembro. Esse fato trouxe instabilidade aos mercados e colaborou para a
acentuada desvalorização do dólar.
A elevada necessidade de financiamento da economia americana sinaliza que os ativos em dólar tenderão a
se desvalorizar, a despeito das compras de governos e bancos centrais
asiáticos. A queda na demanda dos
investidores privados não reflete o
fortalecimento do euro ou do iene,
mas os desequilíbrios da economia
americana, o que pode elevar a volatilidade dos mercados de câmbio.
É nesse contexto que se deve entender as pressões dos EUA para a valorização da moeda chinesa e a imposição de restrições às suas exportações
de produtos têxteis, a fim de reduzir
o maior déficit comercial com a região asiática. Trata-se, no entanto, de
uma aposta arriscada. Os mercados
financeiros privados podem desvalorizar abruptamente o dólar e promover uma elevação das taxas de juros.
Para países emergentes altamente
endividados, como o Brasil, seria recomendável aproveitar as perspectivas expansionistas para reduzir a dependência externa -ampliando
seus saldos comerciais, para prevenir
crises financeiras futuras.
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