São Paulo, terça-feira, 25 de novembro de 2003

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MARCELO BERABA

Polícia e polícia

RIO DE JANEIRO - No Recife, as estudantes Tarsila Gusmão e Maria Eduarda Dourado, ambas com 16 anos, desapareceram no dia 3 de maio quando foram passar o final de semana na casa de amigos na praia de Serrambi, no litoral sul de Pernambuco. Seus corpos só foram achados no dia 13 de maio.
No Rio, dois dias depois do desaparecimento das estudantes pernambucanas, Luciana Gonçalves Novaes, 19 anos, aluna do primeiro ano de uma faculdade de enfermagem, levou um tiro quando comprava sanduíche na lanchonete do campus universitário. Luciana ficou tetraplégica.
Os dois casos poderiam ter tido alguma chance de já terem sido resolvidos se as polícias tivessem agido com rapidez e inteligência. Passados seis meses, no entanto, elas não descobriram ainda quem matou as meninas e quem atingiu a universitária.
A quantidade de trapalhadas e de procedimentos errados nos dois casos é impressionante. Todas as perícias foram feitas com atraso ou tiveram de ser refeitas. No caso do Recife, foi feita na semana passada nova reconstituição do crime e os corpos das estudantes foram exumados em busca de alguma prova. A previsão é de que os resultados dos novos exames só fiquem prontos daqui a dois meses.
Nos dois casos, as investigações foram conduzidas sem rigor técnico.
O caso do Recife tem semelhança também com outro crime chocante: o assassinato do casal de namorados paulista Felipe Silva Caffé, 19 anos, e Liana Friedencbach, de 16. Lá, como em São Paulo, a iniciativa dos pais substituiu no primeiro momento a lentidão do trabalho policial.
Foi o pai de uma das estudantes pernambucanas que encontrou os corpos, dez dias depois do desaparecimento, nas proximidades da praia de Maracaípe. Em São Paulo, foi o pai de Liana que mobilizou todos os esforços que permitiram chegar aos assassinos.


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