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MARCELO BERABA
Polícia e polícia
RIO DE JANEIRO - No Recife, as estudantes Tarsila Gusmão e Maria
Eduarda Dourado, ambas com 16
anos, desapareceram no dia 3 de
maio quando foram passar o final de
semana na casa de amigos na praia
de Serrambi, no litoral sul de Pernambuco. Seus corpos só foram achados no dia 13 de maio.
No Rio, dois dias depois do desaparecimento das estudantes pernambucanas, Luciana Gonçalves Novaes, 19
anos, aluna do primeiro ano de uma
faculdade de enfermagem, levou um
tiro quando comprava sanduíche na
lanchonete do campus universitário.
Luciana ficou tetraplégica.
Os dois casos poderiam ter tido alguma chance de já terem sido resolvidos se as polícias tivessem agido com
rapidez e inteligência. Passados seis
meses, no entanto, elas não descobriram ainda quem matou as meninas e
quem atingiu a universitária.
A quantidade de trapalhadas e de
procedimentos errados nos dois casos
é impressionante. Todas as perícias
foram feitas com atraso ou tiveram
de ser refeitas. No caso do Recife, foi
feita na semana passada nova reconstituição do crime e os corpos das
estudantes foram exumados em busca de alguma prova. A previsão é de
que os resultados dos novos exames
só fiquem prontos daqui a dois meses.
Nos dois casos, as investigações foram conduzidas sem rigor técnico.
O caso do Recife tem semelhança
também com outro crime chocante: o
assassinato do casal de namorados
paulista Felipe Silva Caffé, 19 anos, e
Liana Friedencbach, de 16. Lá, como
em São Paulo, a iniciativa dos pais
substituiu no primeiro momento a
lentidão do trabalho policial.
Foi o pai de uma das estudantes
pernambucanas que encontrou os
corpos, dez dias depois do desaparecimento, nas proximidades da praia
de Maracaípe. Em São Paulo, foi o
pai de Liana que mobilizou todos os
esforços que permitiram chegar aos
assassinos.
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