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Sistema irracional
A NOVELA em torno do reajuste das tarifas do transporte público paulistano é
o resultado de um sistema estulto que ainda sofre influências políticas indevidas.
Nas metrópoles de países desenvolvidos, ônibus, metrô,
trens e até bondes constituem
um sistema integrado. Como regra geral, o usuário paga por viagem, sem importar o meio de
transporte de que se utilize.
Quando é necessário proceder a
um aumento de preços, cabe a
uma única autoridade decidi-lo.
Por aqui, ônibus são responsabilidade municipal; já o metrô e
os trens metropolitanos são estaduais. Sob a discutível alegação
de que o metrô é bom demais para custar o mesmo que o ônibus,
o passageiro vinha pagando um
sobrepreço para usar o transporte mais rápido e mais eficiente.
Como se não bastasse, o cálculo político-eleitoral introduz
mais incongruência. O temor de
aumentar tarifas perto do pleito
municipal de 2008 explica o fato
de o ônibus ter subido 15% e o
metrô 9,5%, contra uma inflação
acumulada de 5,6% -pelo IPC-
desde o último reajuste.
Ao que consta, o governador
eleito, José Serra (PSDB), vinha
pressionando o atual titular do
cargo, Cláudio Lembo (PFL), a
autorizar um aumento ainda
maior para o metrô. A recusa de
Lembo acabou igualando pela
primeira vez, em R$ 2,30, os preços de metrô, trens e ônibus.
Técnicos do metrô apontam
para o perigo de ocorrer uma
grande migração de usuários de
ônibus para o trem subterrâneo,
sistema já abarrotado. O risco
existe, mas não há por que privar
o cidadão de decidir por si. Se o
metrô ficar cheio demais, mais
pessoas procurarão os ônibus.
Já é hora de São Paulo integrar
de fato e operar de forma inteligente seus transportes coletivos.
A dificuldade para fazê-lo é que
governador, prefeito ou ambos
teriam de abrir mão de poder.
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