São Paulo, sábado, 25 de novembro de 2006

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Sistema irracional

A NOVELA em torno do reajuste das tarifas do transporte público paulistano é o resultado de um sistema estulto que ainda sofre influências políticas indevidas.
Nas metrópoles de países desenvolvidos, ônibus, metrô, trens e até bondes constituem um sistema integrado. Como regra geral, o usuário paga por viagem, sem importar o meio de transporte de que se utilize. Quando é necessário proceder a um aumento de preços, cabe a uma única autoridade decidi-lo.
Por aqui, ônibus são responsabilidade municipal; já o metrô e os trens metropolitanos são estaduais. Sob a discutível alegação de que o metrô é bom demais para custar o mesmo que o ônibus, o passageiro vinha pagando um sobrepreço para usar o transporte mais rápido e mais eficiente.
Como se não bastasse, o cálculo político-eleitoral introduz mais incongruência. O temor de aumentar tarifas perto do pleito municipal de 2008 explica o fato de o ônibus ter subido 15% e o metrô 9,5%, contra uma inflação acumulada de 5,6% -pelo IPC- desde o último reajuste.
Ao que consta, o governador eleito, José Serra (PSDB), vinha pressionando o atual titular do cargo, Cláudio Lembo (PFL), a autorizar um aumento ainda maior para o metrô. A recusa de Lembo acabou igualando pela primeira vez, em R$ 2,30, os preços de metrô, trens e ônibus.
Técnicos do metrô apontam para o perigo de ocorrer uma grande migração de usuários de ônibus para o trem subterrâneo, sistema já abarrotado. O risco existe, mas não há por que privar o cidadão de decidir por si. Se o metrô ficar cheio demais, mais pessoas procurarão os ônibus.
Já é hora de São Paulo integrar de fato e operar de forma inteligente seus transportes coletivos. A dificuldade para fazê-lo é que governador, prefeito ou ambos teriam de abrir mão de poder.


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