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CLÓVIS ROSSI
O difícil, mas necessário
SÃO PAULO - Vinicius Torres
Freire, meu ex-chefe (um deles) e
agora companheiro como colunista, é um tremendo Caxias em matéria de estudo de números e na obsessão por argumentos técnicos
(embora seja emocional como poucos). Se nem ele conseguiu decifrar
as contas que embasam o novo pacote em preparação no governo,
quem sou eu para tentar fazê-lo
com números?
Meu ponto é outro, absolutamente inútil, sei bem: o problema
do Brasil, em matéria tributária (o
que significa que não vou tratar dos
50 mil outros problemas), é a complexidade, a abundância de leis e regulamentos e, por extensão, a facilidade para fugir dos tributos por
parte dos que podem pagar o que
eufemisticamente se chama de "engenharia tributária" (na prática, é
sonegação legal e consentida).
O novo pacote, mesmo que seja
"do bem" para alguns setores, só
acrescenta complexidade. Pode até
ajudar conjunturalmente nessa frenética busca de crescimento mais
forte no próximo período presidencial, mas, se alguém se dispuser a
olhar mais para a frente, verá que
não "destrava" o país, para usar o
termo da moda.
É uma pena. O momento é, em tese, ideal para fazer algo sólido e definitivo, ao menos tão definitivo
quanto possa ser a obra humana. O
presidente tem quatro anos sem
precisar disputar eleição. Não poderá se re-recandidatar. A oposição
tem, por sua vez, quatro anos para
se arrumar com vistas a 2010 -e
descomplicar a vida da maioria é,
imagino, popular.
Poderiam entender-se, portanto,
de olho nos contribuintes, já que
não precisam olhar para as urnas
com tanta fixação. Vão fazê-lo? Duvido. Para um acerto tributário real,
é preciso definir quem ganha e
quem perde, coisa que pouquíssimos se dispõem a fazer neste país
(perdão, Lula). É, de fato, difícil,
mas para as coisas difíceis é que se
fazem homens públicos.
crossi@uol.com.br
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