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FERNANDO RODRIGUES
A coalizão e a economia
BRASÍLIA - Lula se desdobra entre montar uma ampla coalizão política e encontrar formas de fazer o
Brasil crescer dentro do modelo de
economia ortodoxo adotado.
Uma coisa depende da outra. No
sistema atual, a base de apoio no
Congresso nasce da 1) fisiologia e 2)
da robustez da economia associada
à popularidade lulista.
Collor tentou de tudo às vésperas
de seu impeachment. A fisiologia já
não bastava. Ninguém se aproximava de um presidente que colocara o
país em estado quase terminal. A
economia era um misto de inflação
nas alturas e recessão.
FHC muitas vezes deu menos do
que deputados e senadores queriam, mas sua popularidade estava
sólida por causa do Plano Real durante o primeiro mandato.
Lula teve isso no início de seu governo. A ortodoxia palocciana funcionou como anteparo para crises
na política. Agora, a história sinaliza um cenário diferente.
As juras eternas de fidelidade a
Lula só duram se o governo der certo -ou, mais exatamente, se o Brasil crescer.
Caso contrário, pulam
todos do barco. Os corredores do
Planalto viram um local deserto.
Lula sabe disso. Mas não tem a
menor idéia de como sair da armadilha que montou para si próprio.
Ontem, mandou cortar quase R$
500 milhões nas despesas dos ministérios. Mais arrocho. Ao mesmo
tempo, afirmou: "O Brasil já fez todos os sacrifícios que tinha que fazer. O povo brasileiro precisa colher
agora um pouco de benefício (...). O
povo brasileiro já pagou todos os
pecados que cometeu".
Esse transtorno bipolar na condução do país é mau sinal. Sem economia deslanchando, a coalizão de
Lula se esfarela a partir dos primeiros resultados do PIB de 2007. Pior:
não há a menor indicação de sofisticação intelectual na Esplanada capaz de mostrar a Lula o que deve ser
feito, fora da retórica vazia e inútil
dos últimos quatro anos.
frodriguesbsb@uol.com.br
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