|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
APRENDER A LIÇÃO
Se é uma faculdade do homem
aprender com os próprios erros, o Ministério da Educação (MEC)
tem todos os motivos para debruçar-se sobre seu estudo que mostra que
35% dos analfabetos brasileiros com
mais de 15 anos já frequentaram a escola em algum momento de suas vidas. Aprofundar-se nessas estatísticas talvez não resolva o problema
dos 15 milhões de analfabetos existentes hoje no país, mas é fundamental para que deixemos de criar os
iletrados de amanhã.
De acordo com o trabalho, realizado pelo Inep (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais)
do MEC, se os analfabetos que passaram pela escola tivessem aprendido os fundamentos da leitura e da escrita, o país teria hoje 5 milhões a
menos de iletrados. A taxa de analfabetismo entre adultos passaria dos
atuais 12,4% para 8%, um índice, a título de comparação, ainda distante
do da Argentina, que é 3,2%.
As falhas não se limitam ao ensino
regular. Dos analfabetos que já passaram pelo sistema educacional,
82% frequentaram o ensino fundamental e 13% estiveram em cursos de
alfabetização de adultos. Isso indica
que não basta passar aos alunos os
rudimentos das letras; é preciso também que eles exerçam a competência
aprendida ou a perderão. No caso
das crianças da rede regular, é necessário mantê-las na escola por mais
tempo. Já os cursos destinados a
adultos precisam oferecer seguimento, isto é, estímulos ao exercício da
leitura e da escrita depois do processo de alfabetização.
Os prejuízos do analfabetismo para
a cidadania são enormes. Quem não
sabe ler tem maiores dificuldades para fazer valer seus direitos. A mobilidade social fica comprometida. O impacto é tamanho que o analfabetismo é, a um só tempo, sintoma e
causa de pobreza. Filhos de pais
analfabetos têm maiores chances de
se tornarem analfabetos, num dos
mais perversos mecanismos de perpetuação da miséria. É, portanto, imperioso enfrentar essa realidade.
Texto Anterior: Editoriais: VORACIDADE FISCAL Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Elogios, só para variar Índice
|