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São Paulo, quinta-feira, 25 de dezembro de 2003

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APRENDER A LIÇÃO

Se é uma faculdade do homem aprender com os próprios erros, o Ministério da Educação (MEC) tem todos os motivos para debruçar-se sobre seu estudo que mostra que 35% dos analfabetos brasileiros com mais de 15 anos já frequentaram a escola em algum momento de suas vidas. Aprofundar-se nessas estatísticas talvez não resolva o problema dos 15 milhões de analfabetos existentes hoje no país, mas é fundamental para que deixemos de criar os iletrados de amanhã.
De acordo com o trabalho, realizado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) do MEC, se os analfabetos que passaram pela escola tivessem aprendido os fundamentos da leitura e da escrita, o país teria hoje 5 milhões a menos de iletrados. A taxa de analfabetismo entre adultos passaria dos atuais 12,4% para 8%, um índice, a título de comparação, ainda distante do da Argentina, que é 3,2%.
As falhas não se limitam ao ensino regular. Dos analfabetos que já passaram pelo sistema educacional, 82% frequentaram o ensino fundamental e 13% estiveram em cursos de alfabetização de adultos. Isso indica que não basta passar aos alunos os rudimentos das letras; é preciso também que eles exerçam a competência aprendida ou a perderão. No caso das crianças da rede regular, é necessário mantê-las na escola por mais tempo. Já os cursos destinados a adultos precisam oferecer seguimento, isto é, estímulos ao exercício da leitura e da escrita depois do processo de alfabetização.
Os prejuízos do analfabetismo para a cidadania são enormes. Quem não sabe ler tem maiores dificuldades para fazer valer seus direitos. A mobilidade social fica comprometida. O impacto é tamanho que o analfabetismo é, a um só tempo, sintoma e causa de pobreza. Filhos de pais analfabetos têm maiores chances de se tornarem analfabetos, num dos mais perversos mecanismos de perpetuação da miséria. É, portanto, imperioso enfrentar essa realidade.


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