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KENNEDY ALENCAR
Cuba libre
BRASÍLIA - O fim do bloqueio
americano a Cuba é parte da estratégia brasileira para fortalecer sua
liderança na América Latina. Ao fazer apelos a Barack Obama para encerrar o embargo à ilha caribenha,
Lula mira sobretudo vizinhos do
barulho, como o boliviano Evo Morales, o equatoriano Rafael Corrêa e
o venezuelano Hugo Chávez.
Um gesto do novo presidente
americano em relação a Cuba desarmaria espíritos. Tiraria gás do
espírito antiamericano turbinado
pelos oito anos de George W. Bush.
Daí a aposta do governo brasileiro,
vista por muitos como uma injustificada defesa de uma ditadura.
Para início de conversa, convém
cobrar que Cuba pare de desrespeitar direitos humanos, libertando
presos políticos e deixando de sufocar a oposição. Lula tem dado conselhos reservados para que Raúl
Castro, sucessor do irmão Fidel, caminhe nessa direção. No entanto, a
falta de liberdade em Cuba não é
motivo razoável para sustentar um
embargo criado em 1962.
Os EUA mantêm em Guantánamo uma máquina de tortura que
afronta todo o sistema jurídico internacional. Afronta valores fundacionais do grande país que os EUA
são. A doutrina de combate ao terror de Bush, além de equivocada,
porque invadiu um país errado pelos motivos errados, é tão recriminável sob a ótica dos direitos humanos quanto a ditadura castrista.
Sustentar o bloqueio reforça o
discurso Davi contra Golias que o
regime usa para estimular a "resistência psicológica" da população. O
fim do embargo reduziria a dependência dos petrodólares de Chávez
e geraria uma prosperidade eficaz
para democratizar Cuba.
O fim do embargo não é esquerdismo romântico. Obama tomaria
um decisão de estadista, acabando
com algo que prejudica mais o povo
do que o governo. Fortaleceria na
América Latina a liderança do Brasil, um aliado maduro. Começaria
2009 à altura de seus desafios.
Feliz Natal a todos!
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