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GUSTAVO PATÚ
O núcleo mole
BRASÍLIA - Até a semana passada, havia inacreditáveis 21 ministros petistas na Esplanada. Desses, quatro foram demitidos: Cristovam Buarque, Benedita da Silva, José Graziano e Emília Fernandes -os três primeiros por mau desempenho em setores tidos como vitais.
Olívio Dutra, Guido Mantega, Jaques Wagner e Ricardo Berzoini foram assíduos nas listas de candidatos
ao corte. Cogitou-se tirar o status de
ministério das cinco secretarias ligadas à Presidência, todas ocupadas
pelo PT. Alguns estiveram cotados
para as mais diferentes funções nos
mais diferentes cenários. Do grupo,
Berzoini, Wagner e Tarso Genro acabaram remanejados para pastas que
pouco ou nada têm a ver com suas
missões originais no governo.
Não se ouviu falar de ministros petistas garantidos em seus postos pela
qualidade de seu trabalho ou pelo conhecimento de sua área. Talvez Dilma Rousseff e Marina Silva, e só, estejam nessa situação. Por relações de
total confiança com Lula, uns três ou
quatro palacianos, incluindo Antonio Palocci Filho, passaram incólumes pela reforma ministerial.
Tudo somado, o saldo de apenas
um ano no governo é algo desmoralizante para um partido que sempre se
apresentou como a grande reserva de
quadros e especialistas para a administração pública. Fora o tal núcleo
duro do Planalto, os petistas do primeiro escalão parecem uma massa
gelatinosa que pode ser indiferentemente movida de um lado para outro
-ou descartada.
Deméritos pessoais à parte, o PT
paga o preço de ter trocado seu programa pelo poder, deixando seus
quadros à mercê de políticas que não
são as suas ou nem sequer estão definidas. Além da inevitável frustração
das fantasias alimentadas nos anos
passados, as referências se vão. Quem
diria que Cristovam já foi pensado
como opção para a Presidência? Que
Mantega, hoje figura quase esquecida em Brasília, era o porta-voz econômico de Lula?
Por último: agora há ainda inacreditáveis 19 ministros petistas.
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