|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
A outra guerra, em casa
SÃO PAULO - Cruzei ontem, em três
diferentes avenidas de São Paulo,
com grandes operações da Polícia
Militar, que faziam parar, em especial, motocicletas (talvez pela morte
de um motorista baleado por ocupantes de uma moto, na véspera, na
marginal do Pinheiros).
Achei que se tratasse do "efeito Rio
de Janeiro", ou seja, de uma operação para evitar que se repetissem em
São Paulo os episódios de segunda-feira no Rio (e que voltaram a ocorrer ontem, em menor escala).
Mas a Secretaria de Segurança Pública informa que não houve nada de
excepcional e que manteve ontem o
volume normal de "batidas".
Tremenda coincidência então, porque o percurso feito se deu em áreas
em que circulo com razoável frequência -sem que tenha topado antes
com três operações desse porte (ou
mesmo de porte menor).
Não sei qual a eficácia desse tipo de
operação. Seja qual for, ao menos sinaliza algum movimento de parte do
aparelho policial em um país no qual
os episódios do Rio de Janeiro causam surpresa não por terem acontecido, mas por não ocorrerem todos os
dias.
O fato é que o poder público perdeu
o controle da situação no que diz respeito à criminalidade. Faz muito
tempo que a situação nessa área é de
absoluta emergência, sem que as autoridades mostrem idêntica urgência
em dar respostas.
Tudo o que havia para ser dito a
respeito, tudo o que havia para ser estudado a respeito, toda a teoria, todos os exemplos externos, tudo, enfim, já foi mapeado nesses muitos
anos de guerra disfarçada.
Mas as respostas ou são insuficientes ou nem sequer existem -do que
dá prova o fato de que o crime organizado conseguiu fechar, no Rio, 28
mil estabelecimentos comerciais.
É óbvio que a culpa não é do governo Lula. Mas segurança pública, no
estágio em que está, é o tipo de coisa
em que o governo não pode se mexer
lentamente como o Titanic da comparação feita pelo presidente há duas
semanas. É para ontem, presidente.
Texto Anterior: Editoriais: CONFRONTO NECESSÁRIO
Próximo Texto: Brasília - Fernando Rodrigues: Falta vergonha Índice
|