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São Paulo, quarta-feira, 26 de fevereiro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

A outra guerra, em casa

SÃO PAULO - Cruzei ontem, em três diferentes avenidas de São Paulo, com grandes operações da Polícia Militar, que faziam parar, em especial, motocicletas (talvez pela morte de um motorista baleado por ocupantes de uma moto, na véspera, na marginal do Pinheiros).
Achei que se tratasse do "efeito Rio de Janeiro", ou seja, de uma operação para evitar que se repetissem em São Paulo os episódios de segunda-feira no Rio (e que voltaram a ocorrer ontem, em menor escala).
Mas a Secretaria de Segurança Pública informa que não houve nada de excepcional e que manteve ontem o volume normal de "batidas".
Tremenda coincidência então, porque o percurso feito se deu em áreas em que circulo com razoável frequência -sem que tenha topado antes com três operações desse porte (ou mesmo de porte menor).
Não sei qual a eficácia desse tipo de operação. Seja qual for, ao menos sinaliza algum movimento de parte do aparelho policial em um país no qual os episódios do Rio de Janeiro causam surpresa não por terem acontecido, mas por não ocorrerem todos os dias.
O fato é que o poder público perdeu o controle da situação no que diz respeito à criminalidade. Faz muito tempo que a situação nessa área é de absoluta emergência, sem que as autoridades mostrem idêntica urgência em dar respostas.
Tudo o que havia para ser dito a respeito, tudo o que havia para ser estudado a respeito, toda a teoria, todos os exemplos externos, tudo, enfim, já foi mapeado nesses muitos anos de guerra disfarçada.
Mas as respostas ou são insuficientes ou nem sequer existem -do que dá prova o fato de que o crime organizado conseguiu fechar, no Rio, 28 mil estabelecimentos comerciais.
É óbvio que a culpa não é do governo Lula. Mas segurança pública, no estágio em que está, é o tipo de coisa em que o governo não pode se mexer lentamente como o Titanic da comparação feita pelo presidente há duas semanas. É para ontem, presidente.


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