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FERNANDO RODRIGUES
Lula e oportunidades perdidas
BRASÍLIA - A pesquisa Datafolha
publicada ontem contém um elemento de caráter histórico: Lula é o
presidente da República mais bem
avaliado depois de três meses no
Palácio do Planalto desde o retorno
do país à democracia.
O petista também acaba de bater
seu próprio recorde. Em março de
2003 havia registrado 43% de
"bom" e "ótimo" (percentual inédito para esse período de administração). Agora, tem 48%.
É útil recapitular como se deram
os outros presidentes.
Collor obteve 36% de aprovação
com três meses de mandato. Itamar
Franco ficou em 34%.
FHC pontuou 39% em março de
1995. Quatro anos depois, em meio
a uma grave crise cambial, a imagem do tucano foi dilapidada. Em
fevereiro de 1999 (não houve pesquisa em março), FHC registrou
21% de aprovação -menos da metade dos atuais 48% de Lula.
O petista tem pesquisas reservadas mostrando resultados semelhantes. Sua leitura é simples: "Para
que fazer muita coisa? Minha imagem está ótima". Assim, enrola há
quase cinco meses para montar seu
ministério. Na metáfora futebolística de Lula, "em time que está ganhando não se mexe".
A pergunta a ser feita é: Lula está
certo ou errado quando conduz tão
lentamente a máquina administrativa, dedicando-se apenas a discursos escalafobéticos (o "ponto G" e o
"Putin ficou meio putin")?
O tempo dirá. O petista tem o mérito de não ter implantado loucuras
administrativas defendidas no passado. O país se estabilizou. Mas o
planeta vive seu momento mais virtuoso dos últimos 30 anos.
Aqui de perto, em Brasília, a impressão é a de que Lula pode até não
produzir um desastre. Mas sua excessiva pachorra operacional e a
inapetência por sofisticação administrativa resultarão num capítulo
a mais nas já inúmeras oportunidades perdidas por "este país".
frodriguesbsb@uol.com.br
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