São Paulo, quinta-feira, 26 de março de 2009

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Editoriais

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Cartéis no México

O MÉXICO vive uma espiral de violência desde dezembro de 2006, quando o presidente Felipe Calderón anunciou a radicalização na luta contra o narcotráfico. Ao menos cinco cartéis disputam o comércio ilegal e desafiam o poder do Estado em ações cada vez mais petulantes. Passam de 7.200 as pessoas mortas desde o início de 2008 por razões ligadas à droga.
Uma onda recente de assassinatos levou o governo a militarizar Ciudad Juárez, município de 1,4 milhão de habitantes, fronteiriço com El Paso (EUA). Reportagem nesta Folha expôs ontem uma das principais conexões que alimentam a escalada do crime: o tráfico de armas de guerra. Fuzis como o russo AK-47 são comprados legalmente e com grande facilidade na cidade texana.
Segundo dados oficiais americanos, 90% das armas apreendidas e rastreadas no México em 2008 fizeram o caminho inverso da cocaína contrabandeada pelos cartéis aos EUA.
O endurecimento do lado mexicano levou nos últimos anos à apreensão recorde de drogas e dinheiro de traficantes. Mas a eficácia da estratégia é questionável, pois do outro lado da fronteira há um feroz mercado consumidor, o qual adquire 90% da droga que passa pelo México.
O governo dos Estados Unidos já teme que a guerra entre os cartéis mexicanos chegue ao país e acaba de anunciar um plano estabelecendo o aumento de controle na fronteira.
É positivo que a secretária de Estado, Hillary Clinton, em visita ao México ontem, tenha reconhecido sem subterfúgios o papel da demanda americana na alimentação do tráfico. Isso aumenta as chances de uma cooperação antidrogas mais promissora na América do Norte. Até agora, a tendência era de atribuir principalmente ao governo mexicano a responsabilidade por atacar o problema.


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