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Cartéis no México
O MÉXICO vive uma espiral
de violência desde dezembro de 2006, quando o
presidente Felipe Calderón
anunciou a radicalização na luta
contra o narcotráfico. Ao menos
cinco cartéis disputam o comércio ilegal e desafiam o poder do
Estado em ações cada vez mais
petulantes. Passam de 7.200 as
pessoas mortas desde o início de
2008 por razões ligadas à droga.
Uma onda recente de assassinatos levou o governo a militarizar Ciudad Juárez, município de
1,4 milhão de habitantes, fronteiriço com El Paso (EUA). Reportagem nesta Folha expôs ontem
uma das principais conexões que
alimentam a escalada do crime:
o tráfico de armas de guerra. Fuzis como o russo AK-47 são comprados legalmente e com grande
facilidade na cidade texana.
Segundo dados oficiais americanos, 90% das armas apreendidas e rastreadas no México em
2008 fizeram o caminho inverso
da cocaína contrabandeada pelos cartéis aos EUA.
O endurecimento do lado mexicano levou nos últimos anos à
apreensão recorde de drogas e
dinheiro de traficantes. Mas a
eficácia da estratégia é questionável, pois do outro lado da fronteira há um feroz mercado consumidor, o qual adquire 90% da
droga que passa pelo México.
O governo dos Estados Unidos
já teme que a guerra entre os
cartéis mexicanos chegue ao
país e acaba de anunciar um plano estabelecendo o aumento de
controle na fronteira.
É positivo que a secretária de
Estado, Hillary Clinton, em visita ao México ontem, tenha reconhecido sem subterfúgios o papel da demanda americana na
alimentação do tráfico. Isso aumenta as chances de uma cooperação antidrogas mais promissora na América do Norte. Até agora, a tendência era de atribuir
principalmente ao governo mexicano a responsabilidade por
atacar o problema.
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