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ELIANE CANTANHÊDE
Só a crise sabe
BRASÍLIA - Governadores já são
naturalmente protagonistas em
eleições presidenciais, e Aécio é o
mais popular (77%) e o mais bem
avaliado (nota 7,6) entre eles, segundo o Datafolha. Serra tem 54% e
nota 6,6. Um é o primeiro lugar, e o
outro, o quinto entre dez avaliados.
Esses dados, no entanto, precisam ser contextualizados. O governo de Minas tradicionalmente tem
voo livre, sem a cobrança da imprensa local e a atenção da nacional. Já o de São Paulo é vigiado o
tempo inteiro, por bem ou por mal.
Isso é, ao mesmo tempo, uma
vantagem e uma desvantagem para
Aécio. A vantagem é que ele escapa
de repórteres chatos e fuçadores.
Sabe como é: quem procura acha
-uma falha administrativa, escolas
aos pedaços, um desvio num órgão
daqui, outro dali. E a desvantagem é
que ele tem de rebolar muito para
"aparecer" e se tornar conhecido.
Aécio é campeão no público mineiro. Mas, no nacional, ele empacou em 17%, enquanto Serra tem
41%. E, sem Aécio na parada, Serra
tem 40% em Minas, só um ponto a
menos que seu índice nacional;
mas, sem Serra disputando, Aécio
tem apenas 14% em São Paulo.
Ele, portanto, precisa competir
com o "recall" de Serra e transportar sua fantástica popularidade em
Minas para o resto do país. E tem de
ser logo, porque seu risco imediato
é Dilma, não Serra. Ela caminha
muito devagar para quem tem tanta
exposição (como ao lançar o plano
habitacional ontem), mas caminha.
Nesse passo, tende a encostar ou a
ultrapassá-lo em duas rodadas.
Segundo o diretor do Datafolha,
Mauro Paulino, "quando a faixa de
menor renda e menor escolaridade
captar que Dilma é a candidata de
Lula, ela vai crescer muito". Afinal,
Lula caiu 5 pontos desde novembro, mas continua com altos 65%.
A oposição está indefinida entre o
líder dos presidenciáveis e o campeão dos governadores. Já Dilma
tem o presidente, que é um só e recordista em popularidade. Até
quando, só a crise sabe.
elianec@uol.com.br
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