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DESNUTRIÇÃO EM QUEDA
O quadro que emerge da primeira Chamada Nutricional
-pesquisa realizada em parceria pelos ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social e do Combate à
Fome- é relativamente promissor.
A sondagem, feita em 2005, avaliou
17 mil crianças com até 5 anos de idade e registrou uma queda considerável da taxa de desnutrição crônica infantil no semi-árido nordestino.
De acordo com a Chamada Nutricional, 92,8% das crianças examinadas fazem pelo menos três refeições
por dia e somente 6,6% delas apresentam déficit de altura -sintoma
importante de desnutrição crônica
na infância. Os dados apontam uma
tendência ponderável de melhora: o
déficit de altura no Nordeste, por
exemplo, era de 27,3% em 1989 e de
17,9% em 1996.
Como essa foi a primeira edição da
pesquisa, é preciso cautela na análise
de seus resultados. Ainda assim, ela
indica um impacto positivo dos programas sociais implementados no
Nordeste nas últimas décadas. Entre
eles, dizem os pesquisadores, foram
de especial proveito os que ampliaram o acesso a serviços essenciais,
como saneamento básico, educação
e saúde, com destaque para o Saúde
da Família. Decerto outro fator relevante no combate à desnutrição tem
sido o barateamento dos alimentos.
Já o efeito de políticas de transferência de renda nesses indicadores de
nutrição infantil foi menor.
Apesar do êxito nas ações do Estado, a pesquisa mostra que o tema
não deveria sair tão cedo da lista de
prioridades públicas. O índice atual
de crianças desnutridas continua
muito além do tolerável. Pelos padrões internacionais, a taxa máxima
de déficit de altura deveria ser de
2,3% -um terço dos 6,6% do semi-árido. Os dados da pesquisa, portanto, reforçam a percepção comum de
que ainda é longo o caminho a ser
trilhado a fim de propiciar às crianças das regiões mais pobres um futuro melhor e mais saudável.
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