São Paulo, quarta-feira, 26 de abril de 2006

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DESNUTRIÇÃO EM QUEDA

O quadro que emerge da primeira Chamada Nutricional -pesquisa realizada em parceria pelos ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social e do Combate à Fome- é relativamente promissor. A sondagem, feita em 2005, avaliou 17 mil crianças com até 5 anos de idade e registrou uma queda considerável da taxa de desnutrição crônica infantil no semi-árido nordestino.
De acordo com a Chamada Nutricional, 92,8% das crianças examinadas fazem pelo menos três refeições por dia e somente 6,6% delas apresentam déficit de altura -sintoma importante de desnutrição crônica na infância. Os dados apontam uma tendência ponderável de melhora: o déficit de altura no Nordeste, por exemplo, era de 27,3% em 1989 e de 17,9% em 1996.
Como essa foi a primeira edição da pesquisa, é preciso cautela na análise de seus resultados. Ainda assim, ela indica um impacto positivo dos programas sociais implementados no Nordeste nas últimas décadas. Entre eles, dizem os pesquisadores, foram de especial proveito os que ampliaram o acesso a serviços essenciais, como saneamento básico, educação e saúde, com destaque para o Saúde da Família. Decerto outro fator relevante no combate à desnutrição tem sido o barateamento dos alimentos. Já o efeito de políticas de transferência de renda nesses indicadores de nutrição infantil foi menor.
Apesar do êxito nas ações do Estado, a pesquisa mostra que o tema não deveria sair tão cedo da lista de prioridades públicas. O índice atual de crianças desnutridas continua muito além do tolerável. Pelos padrões internacionais, a taxa máxima de déficit de altura deveria ser de 2,3% -um terço dos 6,6% do semi-árido. Os dados da pesquisa, portanto, reforçam a percepção comum de que ainda é longo o caminho a ser trilhado a fim de propiciar às crianças das regiões mais pobres um futuro melhor e mais saudável.


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