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FERNANDO RODRIGUES
A utilidade do vice
BRASÍLIA - A criação do cargo de vice remonta aos tempos em que era difícil fazer uma nova eleição quando o
presidente da República ficava impedido de governar por muito tempo ou
em definitivo.
A mania se estendeu a governadores e prefeitos. O Senado elevou ao
paroxismo a escolha desses candidatos ao ócio: para cada cadeira de senador, há dois esdrúxulos suplentes.
Em resumo, há no Brasil milhares de
pessoas eleitas e totalmente sem função. Mas muitos têm direito a carro,
motorista, mordomias e tempo de sobra para conspirar.
Essa tradição também nasceu numa época em que a comunicação era
difícil. O presidente viajava de carroça e alguém precisava ficar formalmente respondendo pelo país.
Hoje, tudo mudou. Fazer uma eleição é algo quase automático, mesmo
num país continental como o Brasil.
As urnas eletrônicas provaram sua
eficiência em pleitos sucessivos. Em
alguns anos, será possível ao eleitor
votar da sua própria casa.
Quando o presidente viaja, é patética a transferência de cargo. Muitos
vices aproveitam e fazem fotos com
parentes e correligionários ao assumir a cadeira pela primeira vez. Depois, ficam de papo para o ar. As decisões continuam nas mãos do titular. A telefonia por satélite acabou
com a necessidade de estar presente
no país para poder governar.
A rigor, a importância do vice hoje
se resume a dois itens, quando o nome é de partido diferente daquele do
candidato à vaga de titular: 1) emprestar o tempo de TV e 2) eventualmente alavancar a votação pelo prestígio próprio do escolhido para vice.
No caso do casamento do PSDB
com o PFL, nenhum dos vices propostos ajudam os tucanos. Tempo de TV
o PSDB já tem o suficiente. Votos, José Jorge e José Agripino não os têm
em quantidade para dar a Alckmin.
É desoladora a situação da oposição.
Não se entende sobre algo banal e
sem a mínima relevância eleitoral.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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