São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2006

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Motos desgovernadas

PARECE extremamente improvável que a idéia da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de reservar uma pista preferencial para motos -batizada de "faixa cidadã"- na avenida Rebouças, na cidade de São Paulo, venha a ter êxito.
Pela nova regra, que "vigora" desde segunda-feira, as motocicletas têm preferência para circular pela pista central da via, mas carros não estão impedidos de utilizá-la. Nem poderiam. A Rebouças conta com apenas três faixas e a da esquerda já é exclusiva para ônibus. Não faria sentido apertar todos os carros numa só pista, reservando assim 50% do espaço disponível para as motos, cuja frota representa apenas 9,5% dos veículos em circulação.
Faixas exclusivas até podem ser uma solução para o grave problema dos acidentes com motociclistas -que representam algo como 20% das mortes no trânsito-, mas deveriam ser implantadas em vias com muito mais pistas do que a Rebouças.
Fica a sensação de que as autoridades municipais estão se especializando em lançar factóides, isto é, medidas inócuas como a da "faixa cidadã" ou que nem saem do papel, apenas para sugerir que estão agindo.
Nem é preciso abandonar o tema motocicletas para constatar outra "medida" do gênero. Em agosto de 2005, a prefeitura anunciou uma nova regulamentação para os motoboys. Eles deveriam, a partir de dezembro daquele ano, sob pena de multa, usar botas e colete especial, capacete com nome do condutor, número do cadastro municipal e tipo sangüíneo. Deveriam submeter-se a treinamento de dez horas -com noções de direção defensiva e de sinalização.
As autoridades municipais garantiam que, a partir de abril de 2006, a maioria dos motoboys já estaria operando sob o novo regime. Vai entrar agosto, e a promessa não saiu do papel.


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