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Motos desgovernadas
PARECE extremamente improvável que a idéia da CET
(Companhia de Engenharia
de Tráfego) de reservar uma pista preferencial para motos -batizada de "faixa cidadã"- na avenida Rebouças, na cidade de São
Paulo, venha a ter êxito.
Pela nova regra, que "vigora"
desde segunda-feira, as motocicletas têm preferência para circular pela pista central da via,
mas carros não estão impedidos
de utilizá-la. Nem poderiam. A
Rebouças conta com apenas três
faixas e a da esquerda já é exclusiva para ônibus. Não faria sentido apertar todos os carros numa
só pista, reservando assim 50%
do espaço disponível para as motos, cuja frota representa apenas
9,5% dos veículos em circulação.
Faixas exclusivas até podem
ser uma solução para o grave
problema dos acidentes com
motociclistas -que representam
algo como 20% das mortes no
trânsito-, mas deveriam ser implantadas em vias com muito
mais pistas do que a Rebouças.
Fica a sensação de que as autoridades municipais estão se especializando em lançar factóides, isto é, medidas inócuas como a da "faixa cidadã" ou que
nem saem do papel, apenas para
sugerir que estão agindo.
Nem é preciso abandonar o tema motocicletas para constatar
outra "medida" do gênero. Em
agosto de 2005, a prefeitura
anunciou uma nova regulamentação para os motoboys. Eles deveriam, a partir de dezembro daquele ano, sob pena de multa,
usar botas e colete especial, capacete com nome do condutor,
número do cadastro municipal e
tipo sangüíneo. Deveriam submeter-se a treinamento de dez
horas -com noções de direção
defensiva e de sinalização.
As autoridades municipais garantiam que, a partir de abril de
2006, a maioria dos motoboys já
estaria operando sob o novo regime. Vai entrar agosto, e a promessa não saiu do papel.
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