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FERNANDO RODRIGUES
A estratégia de Lula
BRASÍLIA - Nos seus comícios
inaugurais de campanha, o candidato Lula deu uma demonstração
de como poderá ser seu discurso até
o dia da eleição: muita comparação
com o governo passado, falando sobretudo para as parcelas mais pobres do eleitorado.
As pesquisas mostram Lula com
grande força nas classes menos favorecidas, tendo ficado um pouco
órfão na ponta de cima da pirâmide
do eleitorado. O petista aparenta,
ao menos momentaneamente, ter
pouco interesse pelos eleitores individuais mais ricos.
A exceção são os setores da economia que mais ganham dinheiro,
como os bancos. No repertório lulista, é bom as instituições financeiras terem alto lucro.
Como as pesquisas começam a
mostrar um placar no olho mecânico no final do primeiro turno, fica
difícil compreender as razões que
explicariam a estratégia adotada
por Lula. No comício de anteontem
à noite, um fracasso retumbante de
público em Brasília, o petista deixou escapar uma boa chance de lustrar a imagem.
Para começar, atrasou sua fala
em mais de uma hora. Perdeu uma
entrada ao vivo no "Jornal Nacional", da TV Globo. Falou como o típico Lula palanqueiro, olhando para o público (não para a câmera),
rosto suado e tom de voz diferente
da do candidato "paz e amor" de
2002. Em resumo, quase uma derrota do ponto de vista do marketing.
É possível, por explicações ouvidas dentro do PT, que Lula tenha se
decidido por esse caminho por considerá-lo o mais seguro: falar a
quem tem propensão a ouvi-lo com
mais condescendência.
Se for mesmo assim, os lulistas
precisarão de nervos de aço até o final. Tudo indica que uma eventual
vitória no primeiro turno será apertada. E o maior risco de Lula, sabe-se, é perder para si próprio.
frodriguesbsb@uol.com.br
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