São Paulo, quinta-feira, 26 de julho de 2007

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Capitais que entram

O BRASIL navega numa onda de investimentos estrangeiros diretos (IED). O Banco Central registrou um ingresso de US$ 10,3 bilhões em junho, alavancados por três grandes operações empresariais. De janeiro a junho, o fluxo de IED somou US$ 20,9 bilhões; em 12 meses, US$ 32,8 bilhões.
O crescimento da atividade econômica mundial, associado às perspectivas favoráveis para a economia brasileira -reforçadas pela expectativa de obtenção do "grau de investimento" pelas agências de risco-, explica o dinamismo das transnacionais.
Ao contrário do ciclo anterior, impulsionado pela privatização de serviços públicos e financeiros, 47% dos investimentos diretos brutos (sem considerar as saídas de capitais) no primeiro semestre de 2007 foram destinados à indústria.
Dois setores atraíram grandes volumes de capitais: as commodities e a metalurgia básica, voltados sobretudo para o mercado externo. Houve também expansão nos segmentos destinados ao mercado interno (automóveis, alimentos e bebidas), impulsionados pela expansão do crédito e pelo aumento da renda real.
O aumento nos empréstimos externos de curto prazo introduz uma nota preocupante nesse cenário de bonança. Entre janeiro e junho, os créditos com prazo de vencimento inferior a um ano somaram US$ 46,4 bilhões, mais que o dobro dos recursos direcionados ao setor produtivo.
Esses dados podem sinalizar a montagem de transações especulativas, destinadas apenas a obter rentabilidade com as taxas de juros domésticas, ainda relativamente altas. O elevado volume de recursos de curto prazo amplia os riscos de oscilações abruptas na taxa de câmbio, o que é ruim para a economia real.


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