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Capitais que entram
O BRASIL navega numa onda
de investimentos estrangeiros diretos (IED). O
Banco Central registrou um ingresso de US$ 10,3 bilhões em junho, alavancados por três grandes operações empresariais. De
janeiro a junho, o fluxo de IED
somou US$ 20,9 bilhões; em 12
meses, US$ 32,8 bilhões.
O crescimento da atividade
econômica mundial, associado
às perspectivas favoráveis para a
economia brasileira -reforçadas
pela expectativa de obtenção do
"grau de investimento" pelas
agências de risco-, explica o dinamismo das transnacionais.
Ao contrário do ciclo anterior,
impulsionado pela privatização
de serviços públicos e financeiros, 47% dos investimentos diretos brutos (sem considerar as
saídas de capitais) no primeiro
semestre de 2007 foram destinados à indústria.
Dois setores atraíram grandes
volumes de capitais: as commodities e a metalurgia básica, voltados sobretudo para o mercado
externo. Houve também expansão nos segmentos destinados ao
mercado interno (automóveis,
alimentos e bebidas), impulsionados pela expansão do crédito e
pelo aumento da renda real.
O aumento nos empréstimos
externos de curto prazo introduz
uma nota preocupante nesse cenário de bonança. Entre janeiro
e junho, os créditos com prazo de
vencimento inferior a um ano
somaram US$ 46,4 bilhões, mais
que o dobro dos recursos direcionados ao setor produtivo.
Esses dados podem sinalizar a
montagem de transações especulativas, destinadas apenas a
obter rentabilidade com as taxas
de juros domésticas, ainda relativamente altas. O elevado volume
de recursos de curto prazo amplia os riscos de oscilações
abruptas na taxa de câmbio, o
que é ruim para a economia real.
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