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ELEIÇÕES LEGISLATIVAS
Há quase consenso entre os
analistas políticos a respeito
da sustentação político-parlamentar
do próximo presidente da República.
Seja ele quem for, dificilmente terá a
sólida base parlamentar de que dispôs Fernando Henrique Cardoso.
Trata-se de um fator que confere
maior importância ao pleito legislativo de outubro -que colocará em
disputa todas as 513 cadeiras da Câmara e 64, das 81, do Senado.
Apesar dos avanços nos últimos
anos, a realidade no Brasil é a de que
o Executivo ainda detém poder político desmesurado. A sustentação política de um parlamentar ainda depende, em boa medida, da sua capacidade de canalizar recursos públicos federais para a região em que está
a sua base eleitoral. E a capacidade de
arbitrar não somente para onde vão
os recursos, mas também em que ritmo serão liberados e/ou se serão
contingenciados, é quase exclusiva
do Executivo.
Uma maneira de tentar conferir
mais equilíbrio a esse jogo institucional seria caminhar em direção a um
Orçamento "impositivo". Nesse sistema, uma vez aprovadas as especificações do gasto público no Congresso, a margem de manobra do Executivo para fazer arbitragem política
sobre verbas ficaria bastante restrita.
É evidente que, se quiser dar um
passo como esse, o Parlamento brasileiro terá de assumir, também,
maior responsabilidade. Não poderá, por exemplo, sobrepujar necessidades de ajuste fiscal. Tampouco poderá eximir-se de aumentar a qualidade técnica de suas decisões.
Um segundo desafio para a próxima legislatura, sempre em busca de
mais credibilidade para o Poder, será
o de estabelecer, no capítulo de reformas políticas, critérios que inibam
sobremaneira a infidelidade partidária. São vexatórios exemplos como o
do deputado João Caldas (PL-AL), recordista orgulhoso de mudança de
agremiações: trocou sete vezes de
partido no espaço de um mandato.
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