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SERGIO COSTA
Notas de campanha
RIO DE JANEIRO - Os quatro primeiros colocados na eleição do Rio,
vistos do lado de cá da campanha,
de quem é obrigado a observá-los:
Eduardo Paes (PMDB): segue o
modelo Sérgio Cabral ao falar com
jornalistas. Toda pergunta que lhe
fazem é sempre "muito importante", mas só responde o que quer e
aproveita para anunciar que vai fazer mais postos de saúde 24 horas.
Marcelo Crivella (PRB): no discurso, é bispo licenciado da sua
igreja, mas não perde o jeito pastoral ao segurar as mãos do interlocutor. Já pediu a Deus que abençoasse
até traficante em favela. Mora no
coração de Lula, seu pastor para garantir que nada nos faltará aqui.
Jandira Feghali (PC do B): domou os cabelos, mas não o temperamento. Com um mau humor contagiante, dificilmente deixa de responder a alguma pergunta sem bater boca com o repórter. Contrariada, arranca os cabelos.
Fernando Gabeira (PV): responde com a serenidade de quem não
esconde as rugas. Afinal, levou tiro
na ditadura e pilotou -amarradão- trem urbano no exílio sueco,
divertindo-se ao não parar em certas estações. Tem proposta para tudo e decidiu, agora, ir para o corpo-a-corpo além da zona sul. Vai de jipe -o "Gabeirão"- para o safári
eleitoral na periferia. Demorou.
Qual deles vai ganhar é outra conversa. Quando ouço alguém condicionar o voto a quem tem chance,
lembro logo de um antigo contínuo
de redação. Ao fim de uma apuração, com jornal numa mão e a "cola"
que levara para a cabine na outra,
ele conferia em voz alta o resultado
das urnas."Presidente: acertei; governador: errei; senador: errei; deputado federal: acertei; deputado
estadual: acertei". E sério, no fim:
"Só errei dois!", exultava, enquanto
sábios ao redor explodiam de rir.
Eleição, para ele, era feito loteria.
Pensando bem, faz sentido.
sergioqc@uol.com.br
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