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CLÓVIS ROSSI
Senta, que o Lula é manso?
SÃO PAULO - Não é que o tal do dólar chega à eleição algo menos empinado do que nos dias anteriores? Pelo
terrorismo que agentes do mercado
fizeram, desde o início da campanha
eleitoral, a moeda norte-americana
deveria estar em uns R$ 5.
Afinal, todo mundo sabe que Luiz
Inácio Lula da Silva vai ganhar a
eleição amanhã. E uma parcela muito significativa dos operadores de
mercado dizia que Lula seria o caos.
Logo, se o caos está mais próximo do
que nunca, o dólar também deveria
estar mais caro, certo?
É claro que deve ser dado o devido
desconto pelo fato de que o Banco
Central torrou uma pilha formidável
de dinheiro (US$ 1,7 bilhão só neste
mês) para evitar a subida ainda mais
espetacular da moeda dos EUA.
É também verdade que a secura de
recursos para o Brasil e para outros
países ditos emergentes deu boa contribuição para a escalada do dólar.
Mesmo assim, não há como escapar
da constatação de que houve uma
baita especulação -e ganhos suculentos- usando o pretexto da disputa eleitoral e do favoritismo nela, desde o princípio da campanha, do candidato do PT.
A questão central agora é saber se a
especulação cede ou continua. Os
pretextos (ou motivos reais) continuam todos aí: Lula já será o presidente eleito a partir da noite de domingo; vencimentos de títulos continuarão a pipocar e a escassez de dólares se manterá.
A especulação e o terrorismo financeiro não foram capazes, como se está
vendo, de afetar substancialmente as
intenções de voto. Mas a sua continuidade, dependendo do grau, afetará, sim, as condições de governabilidade não só no que resta do ano mas,
principalmente, no início da próxima
administração.
A menos que o mercado tenha decidido, tardiamente, que o "demônio
vermelho" já nem é tão vermelho
nem tão demônio.
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