São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

Duda estava certo

BRASÍLIA - Uma correção histórica. O publicitário Duda Mendonça, do PT, estava certo ao elaborar a tese dos três terços do eleitorado no final do ano passado. Para ele, 30% dos eleitores votariam sempre em Lula, 30% rejeitariam o petista em qualquer eleição e 30% estavam volúveis e prontos para serem conquistados.
Com mais de 60% dos votos válidos em todas as pesquisas de opinião, Lula chega ao dia da eleição exatamente como previu o seu marqueteiro. Duvidei da eficácia da aritmética de Duda aqui neste espaço em dezembro passado. Errei.
À época do vaticínio do publicitário, o cenário era complexo. Lula estava empacado na casa dos 30% havia meses. Por que chegaria a 60%? A aliança à direita com o PL ainda era um projeto, não uma realidade. A soma dos então pré-candidatos a presidente Itamar, Ciro, Garotinho, Roseana e Serra era de 55%.
Não estava claro também quem seria o adversário final do petista na campanha eleitoral.
É ocioso fazer agora exercícios sobre como teria sido a eleição se o adversário de Lula tivesse sido outro. Roseana e Ciro alcançaram picos de popularidade mais altos que os de José Serra. Mas o tucano conseguiu sobreviver. Em política, é o que conta.
A cúpula petista nunca acreditou num cenário em que dois candidatos de oposição fossem para o segundo turno. Duda acompanhou as previsões e achava melhor disputar contra alguém claramente governista.
"O candidato deles será José Serra. Roseana Sarney vai desistir", já dizia de forma premonitória, em janeiro, o ainda futuro líder petista na Câmara, João Paulo Cunha (SP).
O PT acertou nas previsões. O publicitário adequou a imagem do candidato ao gosto do eleitor. Vingou a aliança à direita com o PL. O desemprego disparou. A economia sob FHC foi para o brejo. Lula deve ser eleito presidente amanhã.
Superada uma etapa, 22 anos depois de sua criação, o PT tem agora o mais difícil pela frente: governar.


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