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FERNANDO RODRIGUES
Hegemonia em construção
BRASÍLIA - Quando o consórcio
PSDB-PFL falava em ficar 20 anos
no poder faltavam dois elementos
básicos. Tucanos e pefelistas (hoje
democratas) nunca tiveram um
personagem como Lula funcionando como amálgama dessa associação. Tampouco eram siglas estruturadas organicamente no país.
Passa-se algo diverso com o PT e
Lula. O lulo-petismo sobreviveu ao
mensalão por várias razões, mas
também por causa de uma obsessão
em construir "o partido". Antes de
uma geração de petistas ser dizimada, o tesoureiro Delúbio Soares
equipou freneticamente os diretórios da sigla pelo Brasil. Comprou
5.000 computadores. Nesta semana, o PT inaugura um estúdio em
Brasília no qual produzirá vídeos e
áudios. Inundará a internet.
Tornou-se ocioso martelar como
o PT virou um fiapo do seu passado
ideológico. Todos os grandes partidos mimetizam essa geleia filosófica. O diferente agora é a forma como petistas e lulistas se aparelham
-e aparelham o Estado- para não
deixar o governo. Insere-se aí a política de alianças heterodoxas com
Sarney, Maluf, Collor e outros.
Eram todos fiéis seguidores de
FHC. Metamorfosearam-se. Viraram lulistas. Não largam o osso por
uma razão singela. No comércio da
política, o PT entrega mais as mercadorias do que os tucanos. Tome-se como exemplo o acordo firmado
lá atrás entre o PMDB e o Palácio do
Planalto visando a instalar Michel
Temer na presidência da Câmara.
Motivo de chacota, o acerto foi honrado neste ano pelos petistas -para
surpresa de muitos, inclusive do autor deste texto.
Agora, PT e PMDB anunciaram
um compromisso maior. Querem
ganhar juntos a Presidência em
2010. Alguns olham de soslaio. Duvidam. Mas as razões para desconfiança hoje são menores do que no
passado. Há um jogo pesado em
curso. Mira-se numa hegemonia
muito mais sólida do que a um dia
tentada por PSDB e PFL.
frodriguesbsb@uol.com.br
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