São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2008

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Editoriais

Alerta em Santa Catarina

AS CHUVAS em Santa Catarina são as mais intensas no mês de novembro desde 1961, quando começaram os registros. Até a noite de ontem havia pelo menos 84 mortos e 54 mil desabrigados e desalojados.
Estradas danificadas deixaram oito municípios isolados. Um deslizamento de terra rompeu o gasoduto Bolívia-Brasil e causou uma explosão. O porto de Itajaí parou e acumula prejuízo de R$ 133 milhões. Por todo ângulo que se contemple, a tragédia assume proporções ímpares.
Qualquer país do mundo está sujeito à fúria das intempéries. Mesmo as nações mais ricas podem ser apanhadas desprevenidas. Isso ficou patente em 2003, com a onda de calor que vitimou dezenas de milhares de pessoas na França, e em 2005, com os mais de 1.800 mortos e cerca de US$ 81 bilhões em danos do furacão Katrina, no Sul dos Estados Unidos.
Nada disso justifica, porém, o descuido com a preparação das cidades para tais desastres. Esse imperativo tende a se tornar ainda mais incontornável com a mudança climática prevista para este século, produto do aquecimento global. Entre as previsões dos pesquisadores está a probabilidade maior de eventos climáticos extremos, como secas severas e chuvas torrenciais.
Um sistema de alerta eficiente pode prevenir muitas mortes e prejuízos, se acionado em tempo hábil. Como as tempestades a cada primavera e a cada verão castigam o Sul e o Sudeste, ambas regiões densamente povoadas, um monitoramento precoce do nível dos rios -por exemplo- poderia dar aos habitantes de áreas vulneráveis tempo suficiente para se colocarem a salvo.
Alguns Estados e municípios já avançam nessa direção. Compete ao governo federal, contudo, coordenar um plano nacional de adaptação à mudança climática previsível que vá além dos trabalhos convencionais de defesa civil, em geral focados na mera remediação das tragédias -e que mesmo aí costumam demonstrar-se aquém dos desafios.


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