|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
Alerta em Santa Catarina
AS CHUVAS em Santa Catarina são as mais intensas no
mês de novembro desde
1961, quando começaram os registros. Até a noite de ontem havia pelo menos 84 mortos e 54
mil desabrigados e desalojados.
Estradas danificadas deixaram
oito municípios isolados. Um
deslizamento de terra rompeu o
gasoduto Bolívia-Brasil e causou
uma explosão. O porto de Itajaí
parou e acumula prejuízo de R$
133 milhões. Por todo ângulo que
se contemple, a tragédia assume
proporções ímpares.
Qualquer país do mundo está
sujeito à fúria das intempéries.
Mesmo as nações mais ricas podem ser apanhadas desprevenidas. Isso ficou patente em 2003,
com a onda de calor que vitimou
dezenas de milhares de pessoas
na França, e em 2005, com os
mais de 1.800 mortos e cerca de
US$ 81 bilhões em danos do furacão Katrina, no Sul dos Estados
Unidos.
Nada disso justifica, porém, o
descuido com a preparação das
cidades para tais desastres. Esse
imperativo tende a se tornar ainda mais incontornável com a
mudança climática prevista para
este século, produto do aquecimento global. Entre as previsões
dos pesquisadores está a probabilidade maior de eventos climáticos extremos, como secas severas e chuvas torrenciais.
Um sistema de alerta eficiente
pode prevenir muitas mortes e
prejuízos, se acionado em tempo
hábil. Como as tempestades a cada primavera e a cada verão castigam o Sul e o Sudeste, ambas
regiões densamente povoadas,
um monitoramento precoce do
nível dos rios -por exemplo-
poderia dar aos habitantes de
áreas vulneráveis tempo suficiente para se colocarem a salvo.
Alguns Estados e municípios já
avançam nessa direção. Compete ao governo federal, contudo,
coordenar um plano nacional de
adaptação à mudança climática
previsível que vá além dos trabalhos convencionais de defesa civil, em geral focados na mera remediação das tragédias -e que
mesmo aí costumam demonstrar-se aquém dos desafios.
Texto Anterior: Editoriais: No ataque Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Há mocinhos nessa história? Índice
|