São Paulo, quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

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Cautelas com a inflação

O COMPORTAMENTO da inflação em dezembro vem se revelando incômodo. Sob a pressão de uma forte alta dos preços agrícolas, a segunda prévia do IGP-M registrou alta de 1,54%, bem acima de 0,48% da prévia análoga de novembro. Já o IPCA-15 revelou alta de 0,7% no mês. Devido ao encarecimento dos alimentos, antecipava-se uma taxa relativamente salgada, mas nem tanto. O mais preocupante foi a constatação de que os preços dos serviços aceleraram.
Ante esses resultados, o IPCA deverá fechar 2007 com elevação muito próxima dos 4,5% que constituem a meta a ser perseguida pelo Banco Central. Trata-se de um resultado pior do que vinha sendo esperado. A projeção média de bancos e consultorias situava-se em apenas 3,5%, em junho, e até o início de dezembro limitava-se a 4%.
É verdade que parte das fortes altas recentes dos preços dos alimentos poderá reverter-se logo à frente. Mas isso não será suficiente para impedir que a inflação já observada aumente o componente inercial que influencia a formação dos preços (por exemplo, ao incorporar-se às reivindicações de aumento salarial).
Esses elementos sugerem que poderá levar vários meses até que o BC se sinta à vontade para voltar a reduzir a taxa de juros básica. Daí a sugerir que conviria que ele a aumentasse vai uma grande distância. Chega a espantar que alguns analistas estejam apontando a necessidade de um aumento substancial, de vários pontos percentuais, na Selic.
A aceleração do investimento é um dos traços mais positivos da trajetória recente da economia, e a confiança de que o mercado interno terá crescimento sustentado é um dos pilares desse movimento. Frustrar essa expectativa seria deletério. A inflação exige cautela das autoridades; a preservação do ânimo empreendedor, também.


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