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Cautelas com a inflação
O COMPORTAMENTO da inflação em dezembro vem se
revelando incômodo. Sob
a pressão de uma forte alta dos
preços agrícolas, a segunda prévia do IGP-M registrou alta de
1,54%, bem acima de 0,48% da
prévia análoga de novembro. Já
o IPCA-15 revelou alta de 0,7%
no mês. Devido ao encarecimento dos alimentos, antecipava-se
uma taxa relativamente salgada,
mas nem tanto. O mais preocupante foi a constatação de que os
preços dos serviços aceleraram.
Ante esses resultados, o IPCA
deverá fechar 2007 com elevação
muito próxima dos 4,5% que
constituem a meta a ser perseguida pelo Banco Central. Trata-se de um resultado pior do que
vinha sendo esperado. A projeção média de bancos e consultorias situava-se em apenas 3,5%,
em junho, e até o início de dezembro limitava-se a 4%.
É verdade que parte das fortes
altas recentes dos preços dos alimentos poderá reverter-se logo à
frente. Mas isso não será suficiente para impedir que a inflação já observada aumente o componente inercial que influencia a
formação dos preços (por exemplo, ao incorporar-se às reivindicações de aumento salarial).
Esses elementos sugerem que
poderá levar vários meses até
que o BC se sinta à vontade para
voltar a reduzir a taxa de juros
básica. Daí a sugerir que conviria
que ele a aumentasse vai uma
grande distância. Chega a espantar que alguns analistas estejam
apontando a necessidade de um
aumento substancial, de vários
pontos percentuais, na Selic.
A aceleração do investimento é
um dos traços mais positivos da
trajetória recente da economia, e
a confiança de que o mercado interno terá crescimento sustentado é um dos pilares desse movimento. Frustrar essa expectativa
seria deletério. A inflação exige
cautela das autoridades; a preservação do ânimo empreendedor, também.
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