São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

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Editoriais

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Commodities em queda

OS PREÇOS dos principais produtos agrícolas, minerais e de energia atravessaram entre 2004 e julho de 2008 um verdadeiro rali de alta. No caso do petróleo, a cotação do barril do tipo Brent atingiu um nível recorde em 11 de julho passado -US$ 147. Diversos fatores levaram a essa elevação.
Um foi a existência de desequilíbrios entre oferta e demanda. O forte crescimento dos países em desenvolvimento acelerou a demanda. Outros elementos importantes foram as baixas taxas de juros americanas e o enfraquecimento do dólar, moeda de comercialização desses produtos. Para preservar o seu poder de compra os produtores de commodities elevaram os preços em dólares.
A alta do preço em dólar foi muito relevante no caso do petróleo, o que influenciou os preços dos outros bens, em particular dos agrícolas. Por um lado, estimulou a produção e a demanda de biocombustíveis, diminuindo a oferta de alimentos. Por outro, elevou os custos da produção agrícola, ao encarecer os fertilizantes e o transporte.
Os preços das commodities foram influenciados também pela especulação financeira. Tornaram-se investimentos atraentes diante de uma menor rentabilidade dos ativos financeiros.
Tudo mudou com a perspectiva de recessão. As cotações caíram 40%, em média, até novembro. Alguns bens tiveram desvalorização ainda mais acentuada, como o milho (52%), a soja (45%) e o trigo (49%).
Essa oscilação dificulta a consolidação de um sistema de referência para os empresários e impõe desafios para o futuro. No caso do petróleo, projetos de expansão foram adiados em vários países. Para fazer frente ao crescimento nas próximas décadas, porém, o mundo terá de investir US$ 12 trilhões nesse setor.
Somente uma reforma na regulamentação do mercado de commodities poderia estabilizar os preços e garantir os investimentos necessários.


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