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CLÓVIS ROSSI
Bonitas banalidades
SÃO PAULO - Surpreendido pela
quantidade de e-mails recebidos a
propósito do texto sobre o muro
que separa a USP da marginal Pinheiros, ainda mais por ser semana
de Natal, volto ao tema.
O leitor Carlos Dränger, arquiteto e especialista em comunicação
visual e sinalização, traz para a discussão um segundo aspecto em que
a Lei Cidade Limpa não passa nem
perto de uma cidade linda.
A lei "nada fez contra os maiores
vilões da poluição da paisagem urbana: a rede de energia e o estado de
conservação dos imóveis. Em muitas regiões, a maçaroca de fios e cabos de todos os tipos, postes, transformadores, gambiarras e cia. parece que vão incendiar-se a qualquer
momento. Melhor não olhar para
cima".
Bem lembrado. Quanto à qualidade das fachadas, diz Dränger: "É
possível facilitar e induzir os proprietários ou locatários à ações de
melhoria? Claro que é". E alinhava
propostas: "Programas de estímulo,
como linhas de financiamento, crédito para compra de materiais de
acabamento, descontos/prêmios
no IPTU para aqueles que conservarem com qualidade, campanhas
educativas etc. Ou será que o pequeno comerciante acha que sua loja suja e mal acabada rende melhores resultados?"
A propósito, Zander Navarro
(Instituto de Estudos do Desenvolvimento da Universidade de Sussex, Reino Unido), interlocutor freqüente, lembra que se surpreendeu
agradavelmente com Maputo (Moçambique), ao entrar "na capital de
um dos países mais pobres do mundo e achar diversos prédios recém-pintados, tornando a cidade mais
bonita".
Lá, informa Zander, "o governo
ofereceu um empréstimo, com algum subsídio, os condôminos assumiram a dívida e a fábrica de tintas
local ofereceu o produto mais barato, em troca de alguma placa visível
durante o tempo da pintura. Uma
banalidade, não?"
crossi@uol.com.br
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