São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

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CLÓVIS ROSSI

Bonitas banalidades

SÃO PAULO - Surpreendido pela quantidade de e-mails recebidos a propósito do texto sobre o muro que separa a USP da marginal Pinheiros, ainda mais por ser semana de Natal, volto ao tema.
O leitor Carlos Dränger, arquiteto e especialista em comunicação visual e sinalização, traz para a discussão um segundo aspecto em que a Lei Cidade Limpa não passa nem perto de uma cidade linda.
A lei "nada fez contra os maiores vilões da poluição da paisagem urbana: a rede de energia e o estado de conservação dos imóveis. Em muitas regiões, a maçaroca de fios e cabos de todos os tipos, postes, transformadores, gambiarras e cia. parece que vão incendiar-se a qualquer momento. Melhor não olhar para cima".
Bem lembrado. Quanto à qualidade das fachadas, diz Dränger: "É possível facilitar e induzir os proprietários ou locatários à ações de melhoria? Claro que é". E alinhava propostas: "Programas de estímulo, como linhas de financiamento, crédito para compra de materiais de acabamento, descontos/prêmios no IPTU para aqueles que conservarem com qualidade, campanhas educativas etc. Ou será que o pequeno comerciante acha que sua loja suja e mal acabada rende melhores resultados?"
A propósito, Zander Navarro (Instituto de Estudos do Desenvolvimento da Universidade de Sussex, Reino Unido), interlocutor freqüente, lembra que se surpreendeu agradavelmente com Maputo (Moçambique), ao entrar "na capital de um dos países mais pobres do mundo e achar diversos prédios recém-pintados, tornando a cidade mais bonita".
Lá, informa Zander, "o governo ofereceu um empréstimo, com algum subsídio, os condôminos assumiram a dívida e a fábrica de tintas local ofereceu o produto mais barato, em troca de alguma placa visível durante o tempo da pintura. Uma banalidade, não?"

crossi@uol.com.br


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