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A BADERNA DAS PERUAS
O sistema de transporte coletivo em
São Paulo dá marcha à ré, vítima da
baderna promovida pelos perueiros
clandestinos. Motoristas sem licença
para trabalhar atacam condutores,
ameaçam passageiros e paralisam o
trânsito. Onze ônibus foram incendiados desde o dia 14. Infelizmente,
tais atos chegam a ser encarados com
indulgência e cumplicidade.
A confusão que impera nas ruas da
cidade é o resultado, em larga medida, da inépcia da Prefeitura de São
Paulo, que não consegue planejar e
regular o transporte coletivo. Incapaz
de resolver os problemas no setor, a
administração municipal acabou por
deixar o sistema à deriva. O saldo
dessa omissão foi a proliferação de
peruas clandestinas. Vieram os protestos de perueiros por autorização
para exercer o ofício. A cada concessão do Executivo aos motoristas,
mais e mais condutores de peruas
sentiam-se motivados a ingressar no
mercado. Hoje, numerosos, começam a ameaçar a ordem pública.
O governo estadual também tem
sua cota de responsabilidade nessas
desordens. A Guarda Municipal encontra-se tolhida por limitações
constitucionais: destina-se a proteger
bens e instalações da prefeitura, tendo uma função eminentemente decorativa. A segurança pública está a
cargo do governo do Estado. Cabe à
PM proteger a população de atos de
truculência e banditismo. Ora, isso
não está sendo feito a contento.
Não resta dúvida de que o governo
tem hesitado em agir com mais firmeza diante desses protestos, movido talvez por razões políticas. O aumento do número de perueiros provém basicamente da expansão do desemprego na região metropolitana, o
que talvez explique o descontrole do
movimento e os gestos de desespero
dos manifestantes. Mas compreender tudo não significa perdoar tudo.
Os atentados contra os ônibus não
ameaçam apenas convulsionar ainda
mais o que resta de transporte coletivo na cidade: põem em risco a própria segurança dos paulistanos. É
uma situação que não pode perdurar.
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