São Paulo, Quinta-feira, 27 de Janeiro de 2000


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A BADERNA DAS PERUAS

O sistema de transporte coletivo em São Paulo dá marcha à ré, vítima da baderna promovida pelos perueiros clandestinos. Motoristas sem licença para trabalhar atacam condutores, ameaçam passageiros e paralisam o trânsito. Onze ônibus foram incendiados desde o dia 14. Infelizmente, tais atos chegam a ser encarados com indulgência e cumplicidade.
A confusão que impera nas ruas da cidade é o resultado, em larga medida, da inépcia da Prefeitura de São Paulo, que não consegue planejar e regular o transporte coletivo. Incapaz de resolver os problemas no setor, a administração municipal acabou por deixar o sistema à deriva. O saldo dessa omissão foi a proliferação de peruas clandestinas. Vieram os protestos de perueiros por autorização para exercer o ofício. A cada concessão do Executivo aos motoristas, mais e mais condutores de peruas sentiam-se motivados a ingressar no mercado. Hoje, numerosos, começam a ameaçar a ordem pública.
O governo estadual também tem sua cota de responsabilidade nessas desordens. A Guarda Municipal encontra-se tolhida por limitações constitucionais: destina-se a proteger bens e instalações da prefeitura, tendo uma função eminentemente decorativa. A segurança pública está a cargo do governo do Estado. Cabe à PM proteger a população de atos de truculência e banditismo. Ora, isso não está sendo feito a contento.
Não resta dúvida de que o governo tem hesitado em agir com mais firmeza diante desses protestos, movido talvez por razões políticas. O aumento do número de perueiros provém basicamente da expansão do desemprego na região metropolitana, o que talvez explique o descontrole do movimento e os gestos de desespero dos manifestantes. Mas compreender tudo não significa perdoar tudo. Os atentados contra os ônibus não ameaçam apenas convulsionar ainda mais o que resta de transporte coletivo na cidade: põem em risco a própria segurança dos paulistanos. É uma situação que não pode perdurar.


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