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Uma nova batalha?
CLÓVIS ROSSI
Davos, Suíça - Depois do estrago que
fizeram em Seattle, algumas ONGs
(organizações não-governamentais)
tomaram gosto pela coisa e se dizem
dispostas a repetir a dose em Davos,
que abriga os encontros anuais do Fórum Econômico Mundial.
Trata-se da maior concentração de
personalidades por metro quadrado
que o mundo consegue colocar ao
mesmo tempo no mesmo lugar, no caso o Centro de Congressos deste adorável presépio a céu aberto que é Davos
nesta época do ano.
Logo, é um tremendo ímã para manifestações de protesto.
Para os manifestantes, Davos, na
comparação com Seattle, tem uma
vantagem e uma desvantagem. A vantagem: a cidade, a rigor, só tem duas
ruas, e o Centro de Congressos tem entrada por ambas. Logo, diferentemente de Seattle, em que foi preciso isolar
quarteirões e mais quarteirões, aqui
basta bloquear a Promenade e a Tallstrasse e pronto. Ou a polícia desaloja
pela força os manifestantes ou ninguém entra no prédio.
Em qualquer caso, a imagem da manifestação terá lugar garantido em
"prime time" no mundo inteiro.
A desvantagem: Davos é longe do
mundo. Fica no topo dos Alpes, a três
horas de trem da cidade grande mais
próxima (Zurique), seus hotéis estão
superlotados com os participantes do
encontro anual e a neve é tanta que, se
bobear, tapa até a orelha.
Logo, não há, também ao contrário
de Seattle, onde os manifestantes possam acampar para sair para a luta.
Se houver algo similar a Seattle, ainda que em ponto menor, as ONGs ganharão fôlego para reproduzir o esquema mundo afora.
Mas, mesmo que não haja, pelo menos o movimento sindical se diz pronto para um "novo internacionalismo",
em qualquer parte, "no portão das fábricas, nos Parlamentos nacionais e
locais e nas organizações internacionais", como promete, em artigo para a
mais recente edição de "Foreign Affairs", o presidente do Comitê de Assuntos Internacionais da central norte-americana AFL-CIO, Jay Mazur.
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