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São Paulo, quinta-feira, 27 de fevereiro de 2003

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MUDANÇA DE IMAGEM

Tomou posse anteontem Roh Moo-hyun, o novo presidente da Coréia do Sul. O mandatário assume seu posto num momento extremamente delicado. Algumas horas antes da cerimônia de posse, a Coréia do Norte testou um míssil de curto alcance que sobrevoou território sul-coreano e caiu no mar do Japão, num gesto que dá bem a medida da tensão reinante entre a Coréia do Norte e os seus vizinhos.
Roh terá de administrar essa crise e suas repercussões nas relações com os EUA. Para agravar um pouco mais a situação, o novo presidente tem a fama de ser antiamericano, uma reputação que, segundo alguns analistas, lhe valeu a vitória sobre seu rival conservador, Lee Hoi-chang.
Muitos sul-coreanos atribuem aos EUA a deterioração nas relações entre as duas Coréias. Os movimentos de reaproximação conduzidos pelo ex-presidente sul-coreano Kim Dae-jung, conhecidos como Política da Luz Solar, iam bem, tendo até rendido ao ex-mandatário o Prêmio Nobel da Paz de 2000.
Em 2002, após os atentados de 11 de setembro, sem que a Coréia do Norte tivesse feito nada de comprometedor, Bush, num discurso, incluiu o país no que ele chamou de "eixo do mal", ao lado de Irã e Iraque. Para as autoridades norte-coreanas, isso deve ter soado confusamente: se a inclusão no "eixo do mal" foi a recompensa por arriscar uma abertura, parece mais lógico mesmo voltar a apostar na chantagem e no desafio. Foi o que fez o regime norte-coreano, que retomou seu programa nuclear e partiu para um duro confronto retórico com Washington.
É nesse contexto que Roh terá de equilibrar-se. A Coréia dos Sul, apesar do crescente sentimento anti-EUA da população, não pode dar-se ao luxo de esfriar demais suas relações com Washington, que mantém 37 mil soldados norte-americanos no país e é peça fundamental para o equilíbrio de forças na região. Para tanto, Roh terá de remodelar sua própria imagem de líder antiamericano sem cair no extremo oposto de tornar-se um vassalo dos EUA.


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