São Paulo, sexta-feira, 27 de março de 2009

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Editoriais

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Bônus alto e notas baixas

O GOVERNO do Estado de São Paulo desembolsará R$ 590,6 milhões em bonificações para 72% dos funcionários da rede de ensino, com base no desempenho das escolas em 2008. À primeira vista, o percentual de agraciados parece exorbitante. Premiar quase três quartos dos servidores sugere que a educação pública vai bem, o que não é verdade.
O desempenho das escolas é quantificado por meio do Idesp, índice que pondera o rendimento dos alunos em português e matemática com o número dos que completam os estudos no prazo ideal. De 0 a 10, o ensino médio melhorou 38%, passando de 1,41 para 1,95. O fundamental marcou passo, com 3,25 no ciclo de 1ª a 4ª série e 2,60 de 5ª a 8ª.
São notas demasiadamente baixas. Medir o desempenho e dar-lhe publicidade constitui um primeiro e meritório passo, decerto. A Secretaria de Educação vinculou a ele um bônus com duas inovações: premia-se a escola como um todo, de funcionários a professores, e a princípio só aquelas que conseguem melhorar o próprio desempenho.
À medida que o sistema de bonificação recebeu detalhamento, apontaram-se algumas distorções. A premiação incluiria até servidores menos assíduos, mas isso foi corrigido. Agora fazem jus ao bônus só os que comparecerem ao menos 244 dias do ano.
Recebeu críticas, ainda, a ausência de bônus para os estabelecimentos de melhor qualidade que não tivessem melhorado o desempenho no período. Parece mesmo injusto punir a equipe em geral bem-sucedida que, em determinado ano, sofre algum revés. Agora, o governo concederá o prêmio também para os 10% de melhores escolas.
São ajustes cabíveis num processo cujo rumo geral se afigura correto. O cuidado, agora, é evitar que a bonificação se generalize e redunde na usual incorporação de remendos salariais.


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