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Risco pendular
NAS ÚLTIMAS semanas, consolidou-se no mercado financeiro uma dialética
peculiar, e preocupante, em relação à economia dos Estados Unidos. As notícias positivas a respeito da crise por que passa o
país aumentam de imediato os
riscos inflacionários globais.
Instalou-se uma espécie de
pêndulo financeiro, que faz inflar o preço de commodities
quando diminui o temor acerca
de uma recessão nos EUA -e vice-versa. Por conta de uma seqüência de dias com notícias positivas ou neutras a respeito da
economia americana, nesta semana o barril do petróleo negociado em Nova York chegou a
impressionantes US$ 120.
O modo como o Fed, secundado pelas autoridades monetárias
da Europa, vem lidando com a
crise explica um pouco esse fenômeno pendular. O BC americano reduz agressivamente sua
taxa de juros de curto prazo e
oferece linhas bilionárias para
salvar instituições financeiras da
bancarrota. Com isso, inunda de
dólares a economia internacional. Se consegue evitar uma perigosa reação em cadeia de calotes
sucessivos, também estimula a
especulação mundo afora.
Essa especulação pega carona
num movimento de forte alta do
consumo no mundo emergente,
em que a oferta de alguns produtos básicos -energia, metais, alimentos- tem dificuldades para
acompanhar a demanda. O resultado é que a inflação sobe a níveis já preocupantes justamente
no conjunto de nações que lideram o crescimento econômico.
A inflação tende a reduzir o ímpeto da atividade econômica ao
longo do tempo -seja porque solapa o poder de compra dos consumidores, seja porque favorece
a alta dos juros. Desenha-se, portanto, um cenário incerto para o
desempenho futuro das economias emergentes. O Brasil tem
condições de minimizar o impacto da crise externa em sua
economia. Mas para isso precisa,
desde já, adotar uma atitude
muito mais prudente, reduzindo
os gastos públicos.
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