BRASÍLIA - Depois de chuvas, trovoadas e até um leve terremoto, José Serra colhe duas vitórias numa mesma semana: enquanto ele fazia aliança com o PMDB em São Paulo, o PT nacional explodia a aliança de Aécio Neves com o PT mineiro em Belo Horizonte.
Serra deu um passo importante à frente, Aécio deu dois desanimadores para trás. E o PT tropeçou em mais uma divisão interna, atropelando não só o tucano mineiro mas, sobretudo, um partido aliado. O acordo de Aécio com o prefeito petista Fernando Pimentel é, ou era, a favor de um terceiro, Márcio Lacerda, do PSB, ponta-de-lança dos ex-ministros de Lula Ciro Gomes, presidenciável bem colocado nas pesquisas, e Eduardo Campos, governador de Pernambuco.
A decisão contra o acordo, por 13 a 2, desconsiderou a posição de Lula e dos próprios interessados, os petistas mineiros, para agradar os ministros Luiz Dulci e Patrus Ananias (que, cá para nós, não estão com essa bola toda). Fica parecendo que o que pesou mesmo foram velhos dogmas e novíssimas mágoas, sem levar em conta que o partido, sempre dividido, desta vez não tem mais Lula presidenciável. Precisa abrir brechas e alternativas.
Em nota, a Executiva justificou que Aécio adota no Estado políticas "frontalmente distintas daquelas que compõem o ideário" do PT. É muita cara-de-pau para quem topou o apoio de Maluf na eleição passada em São Paulo, estava louco para se aliar a Quércia na atual, vive a reboque de Jader no Pará, tem Roseana e Jucá como líderes governistas no Congresso e acha bacana Lula virar amigão de Collor.
Então, o que tem demais uma aliançazinha com Aécio em Minas?
Tem que ele quer ser presidente. O PT mirou sua candidatura e acertou também o prefeito petista e o aliado PSB. Pior: favoreceu Serra, que tem muitos pontos à frente de Aécio para derrotar o PT em 2010.
Não entendeu? Nem era para entender. É que o PT é assim mesmo.

elianec@uol.com.br


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