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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Sala vip
SÃO PAULO - O Congresso Nacional virou a casa do descalabro. Uma
avalanche de escândalos, sucessivos ou simultâneos, escancarou ao
país nas últimas semanas uma cultura corporativa orientada para o
refestelo dos eleitos, sustentada por
uma rotina de abusos, compadrios,
privilégios e descaso acintoso no
trato das coisas públicas.
Tudo isso já é bem sabido, embora nada, objetivamente, tenha sido
feito para ao menos atenuar a sensação de lassidão moral em que
mergulhou o Legislativo. Parece até
que o Congresso pretende desafiar
a capacidade de indignação, ou de
tolerância, de um povo brejeiro.
José Sarney deve estar muito entretido com reocupação do Maranhão. E Michel Temer recuou em
menos de 24 horas da promessa de
limitar a emissão das passagens aéreas, transferindo para o plenário
da Câmara uma decisão que poderia ser sua, se vontade tivesse.
Eis a situação: a direção da Câmara se vale da chiadeira do lúmpen da
Casa contra qualquer moralização e
tenta empurrar a responsabilidade
pelo fim dos desmandos para o colo
do baixo clero. É esse o artifício que
vem ganhando corpo há dias, inclusive com algum respaldo na mídia.
Se os deputados, de fato, não são
todos iguais, também é verdade que
a crise de credibilidade desta vez diz
respeito a todos. A degradação literal da instituição em Casa da Sogra
envolve de maneira direta muitos
membros da chamada elite parlamentar. Quantos vips pegaram carona na ideia de que a "família é sagrada" para proporcionar aos seus a
aventura de ser sacoleiro em Miami
à custa da Viúva? Quantos "éticos"
pagam suas empregadas com o dinheiro púbico numa boa? A culpa é
do "patrimonialismo"?
Diante de tantos disparates e
omissões, a expressão "elite parlamentar" talvez já não passe de título de cortesia, sem correspondência
com a realidade. O Legislativo está
em claro processo de severinização.
O que combina com o barateamento da política no governo Lula.
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