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FERNANDO RODRIGUES
Dilma e o câncer
BRASÍLIA - O Brasil completará
meio século de governo civil, sem
ditadura, em 15 de março de 2010. É
também quando o país vai se lembrar dos 25 anos do choque da internação de Tancredo Neves, presidente da República eleito que nunca assumiu o Planalto.
A posterior morte de Tancredo e
a forma obscura como se tratava
enfermidades na política provocou
um trauma. Deixou sequelas.
Na eleição presidencial seguinte,
ter uma idade avançada passou a
ser um defeito. A experiência acumulada não contava. Ulysses Guimarães (PMDB), saudável, disputou o Planalto em 1989, quando
completou 73 anos. Teve pífios
4,4% do total de votos.
Logo os políticos entenderam a
necessidade de tratar publicamente de assuntos relacionados à saúde
pessoal. É comum agora em campanhas os principais candidatos divulgarem seus boletins médicos, relatórios de check-ups e darem entrevistas a respeito.
A ministra da Casa Civil, Dilma
Rousseff, seguiu exatamente esse
roteiro republicano ao falar didaticamente sobre seu câncer no sistema linfático. Descoberta a malignidade de um nódulo retirado da região de sua axila esquerda, a candidata a candidata do PT para Presidência da República deu uma entrevista coletiva, ao lado de seus
médicos no último sábado.
É ocioso especular aqui como será a recuperação da ministra ou sobre sua disposição para a empreitada da eleição presidencial de 2010.
Mas é nítido que Dilma teve anteontem talvez o seu melhor desempenho público em uma entrevista coletiva desde a sua chegada
ao poder em Brasília.
Nunca a ministra predileta de
Lula havia apresentado tão abertamente seu lado pessoal, humano,
aos eleitores. Nada a dizer sobre o
desfecho da eleição. Mas Dilma, por
enquanto, está saindo politicamente maior do que entrou.
frodriguesbsb@uol.com.br
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