São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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FERNANDO RODRIGUES

Dilma e o câncer

BRASÍLIA - O Brasil completará meio século de governo civil, sem ditadura, em 15 de março de 2010. É também quando o país vai se lembrar dos 25 anos do choque da internação de Tancredo Neves, presidente da República eleito que nunca assumiu o Planalto. A posterior morte de Tancredo e a forma obscura como se tratava enfermidades na política provocou um trauma. Deixou sequelas.
Na eleição presidencial seguinte, ter uma idade avançada passou a ser um defeito. A experiência acumulada não contava. Ulysses Guimarães (PMDB), saudável, disputou o Planalto em 1989, quando completou 73 anos. Teve pífios 4,4% do total de votos.
Logo os políticos entenderam a necessidade de tratar publicamente de assuntos relacionados à saúde pessoal. É comum agora em campanhas os principais candidatos divulgarem seus boletins médicos, relatórios de check-ups e darem entrevistas a respeito.
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, seguiu exatamente esse roteiro republicano ao falar didaticamente sobre seu câncer no sistema linfático. Descoberta a malignidade de um nódulo retirado da região de sua axila esquerda, a candidata a candidata do PT para Presidência da República deu uma entrevista coletiva, ao lado de seus médicos no último sábado.
É ocioso especular aqui como será a recuperação da ministra ou sobre sua disposição para a empreitada da eleição presidencial de 2010. Mas é nítido que Dilma teve anteontem talvez o seu melhor desempenho público em uma entrevista coletiva desde a sua chegada ao poder em Brasília.
Nunca a ministra predileta de Lula havia apresentado tão abertamente seu lado pessoal, humano, aos eleitores. Nada a dizer sobre o desfecho da eleição. Mas Dilma, por enquanto, está saindo politicamente maior do que entrou.

frodriguesbsb@uol.com.br


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