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ELIANE CANTANHÊDE
Vítimas e réus
BRASÍLIA - Roseana Sarney telefonou anteontem para o presidente do
PT, José Dirceu. Em outras palavras,
disse o seguinte: "Eu bem avisei que
vocês seriam as próximas vítimas".
Ao descobrir que estava sendo
grampeada, a então governadora e
presidenciável de fato alertou Dirceu,
Garotinho e Ciro Gomes de que não
seria a única. Agora, está confortavelmente vendo o circo pegar fogo.
Na versão de pefelistas e de petistas,
a PF está a serviço do Planalto e da
candidatura Serra e age sem limites
contra adversários. A principal coincidência entre os dois grampos -o
de Roseana e o do PT- é o pretexto
de "investigação do narcotráfico".
Provavelmente, um delegado não
sabia que o Maranhão não é local de
plantio nem rota de drogas. E o outro
nem desconfiava que um dos "narcotraficantes" grampeados era prefeito
do PT. Desses enganos da vida...
O aparato da PF em São Luiz fazia
até escuta a distância, dentro de casas alheias (ou seriam palácios?).
"Tão poderoso que nem no Rio, que é
o Rio, há estruturas como aquela",
ironizou o advogado de Roseana,
Antonio Carlos Almeida Castro.
Quando acuada, Roseana tentou
inverter o jogo e usar a condição de
vítima do grampo para desviar as
atenções das acusações no caso Sudam e da montanha de notas empilhadas sobre uma mesa. Não colou.
O PT repete a mesma estratégia:
tenta sobrepor o grampo à denúncia
de propina na Prefeitura de Santo
André, atribuindo tudo à soberba e à
tirania dos tucanos. Vai colar?
Uma coisa (o grampo) é uma coisa,
outra coisa (as denúncias) é outra
coisa. A confirmação de grampo político não inocenta ninguém de nada,
só acrescenta mais culpados.
As vítimas vão ficando pelo caminho. Roseana jogou a toalha. Lula
deveria rezar com Bispo Rodrigues
para o próprio PT isolar culpas e culpados. Quanto a Serra, a campanha
passa, mas a fama fica: a de obcecado
pelo poder, custe o que custar.
Ciro cresce por causa da força de
Patrícia Pillar e da exposição na TV.
Ou por tudo isso também?
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