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PROPAGANDA FORTE
As imagens são fortes: pesando
apenas 39 kg, com a caixa torácica descarnada pelo câncer, o protagonista tem dificuldades para sentar-se em sua cama. Durante os 27 segundos que dura a peça publicitária,
Richard Gurlain não diz nada. Nem
poderia. Além do câncer no pulmão,
que o mataria cinco dias depois da
filmagem da cena, aos 49 anos, Gurlain teve sua língua amputada em
consequência de um tumor.
A intenção do veiculador da campanha, o Comitê Nacional Contra o
Tabagismo (CNCT) francês, era de
fato chocar. O comitê calcula que,
associando de modo cruento e emocional o fumo à idéia da morte -e
uma morte particularmente penosa-, conseguirá fazer com que alguns jovens não comecem a fumar.
Para quem já é dependente, abandonar o vício pode ser bem mais difícil.
Gurlain, por exemplo, nunca conseguiu. Fumou até o último dia de vida.
A estratégia de fazer campanhas
fortes, quase terroristas, foi primeiramente adotada em países anglo-saxões. Resultados animadores em
relação aos jovens fizeram com que
outros países os imitassem. Até o
Brasil estampou nos maços de cigarro fotos ilustrativas de algumas das
consequências para a saúde do hábito de fumar. As imagens podem ser
consideradas tímidas.
Apesar de ainda despertar alguma
polêmica, a propaganda antitabagista nesses moldes mais chocantes faz
sentido. Infelizmente, apenas comunicar as pessoas das consequências
nocivas do fumo parece ser um freio
pouco efetivo ao tabagismo. Praticamente todos os jovens do planeta sabem que fumar faz mal à saúde, mas
isso não os impede de iniciar-se no
hábito. A aposta é que, acrescentando emoção na forma de imagens fortes ao conhecimento intelectual dos
males do tabagismo, menos jovens
começarão a fumar.
Vale a pena pelo menos experimentar. Apesar de carregar nas tintas, esse tipo de propaganda, no fundo,
apenas traz informação verdadeira e
relevante sobre o hábito de fumar. A
partir daí, cabe a cada um decidir se
quer ou não correr o risco.
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