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FERNANDO RODRIGUES
O guaraná da Coca-Cola
BRASÍLIA - Estabeleceu-se um círculo vicioso e perverso para José Serra.
Líderes políticos nos Estados não
fazem campanha para o tucano com
medo de perder votos, pois ele está em
baixa nas pesquisas. E Serra não sobe
nas pesquisas, entre outras razões,
porque quase ninguém o ajuda de fato no interior do país.
Há exemplos em toda parte. Brasília é um caso. O campeão de votos local é o governador Joaquim Roriz
(PMDB), supostamente aliado de
Serra. É candidato à reeleição. Segundo pesquisas locais, teria cerca de
50% das intenções de voto.
Na última quarta-feira, Roriz colocou cem cabos eleitorais remunerados para gritarem o nome de Serra
em frente ao comitê tucano. Foi um
ato eleitoralmente inútil. Só serviu
para adular Serra.
Essas manifestações "espontâneas"
só acontecem quando o candidato está presente. Serra vai embora e desaparecem os seus defensores. Não se vê
em Brasília um único cartaz em que
o governador Roriz apareça ao lado
do tucano.
Com a reeleição quase garantida,
como poderia Roriz fazer campanha
para Serra, que está na faixa dos 12%
a 14%? O governador perderia votos.
Assim é a política.
O comando da campanha de Serra
repete como um mantra que no horário eleitoral o tucano vai reverter o
quadro adverso. Tem sozinho o tempo somado dos adversários. Não é
impossível que isso venha a ocorrer,
mas nada indica que seja uma certeza absoluta. Muito longe disso.
Propaganda maciça na TV às vezes
não adianta. É preciso uma estratégia paralela. Há décadas a Coca-Cola tenta emplacar um guaraná no
Brasil. E dá-lhe anúncios na televisão. Nunca deu certo. Agora, um curioso Kuat estaria decolando por
conta de venda acoplada ao produto
principal. Quer Coca-Cola? Então leve também um Kuat.
Esse é o problema de Serra. Um
bom produto, mas sem estratégia
correta. Um guaraná da Coca-Cola,
mas sem a Coca-Cola para ajudá-lo a
entrar na casa das pessoas.
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