São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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Editoriais

Multa pedagógica

AGIU NA direção correta a Justiça Federal de Marabá (PA) ao multar dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) por desobediência a ordem judicial. Apesar de liminar, obtida pela Vale, que proibia o movimento de ocupar instalações da mineradora, esses militantes comandaram em abril um bloqueio à linha férrea de Carajás.
Importa menos que o valor altíssimo da multa, R$ 5,2 milhões, seja impossível de ser pago pelos dirigentes sem-terra. O que mais interessa nesse episódio é seu valor pedagógico. Fundado para lutar pela reforma agrária, que consiste basicamente na redistribuição de terras improdutivas, o MST há muito se afastou desses objetivos.
O repetido bloqueio a ferrovias da Vale não é o único golpe dos sem-terra contra instalações que nada têm de improdutivas. O episódio mais lamentavelmente emblemático, nesse sentido, foi a destruição, em 2006, de laboratório da Aracruz Celulose, inutilizando 20 anos de pesquisas.
Situações como essa se repetem porque o MST não só é tolerado como financiado pelo governo federal. A inexistência de uma figura jurídica por trás do movimento, que tão bem lhe serve para escapar a punições judiciais, não é obstáculo na hora de receber verbas governamentais.
Só no primeiro mandato de Lula, quase R$ 40 milhões foram entregues a entidades ligadas ao MST. Além disso, os recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar acabam revertidos no dízimo que os integrantes do movimento repassam a suas lideranças.
Se a entidade conta com a conivência do governo federal, que pelo menos o Judiciário aja contra ela é fonte de alívio para aqueles que são prejudicados pela depredação promovida por sem-terra. A decisão da Justiça Federal de Marabá deveria abrir um saudável precedente.


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