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CLÓVIS ROSSI
Haja blindagem
SÃO PAULO - Se eu fosse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, usaria os
contatos que o PT tem com a Igreja
Católica (pelo menos tinha antes de
virar "new PT") e solicitaria o papado para Henrique de Campos Meirelles. Seria a única blindagem realmente definitiva, pelo menos até a
morte do titular.
A tentativa de blindar Meirelles alçando-o a ministro, além de presidente do Banco Central, fracassou.
Pode até não ser processado, o objetivo enfim da blindagem, mas será alvejado para o resto da vida.
O caso mais recente é daqueles indefensáveis. Usar seguranças e motoristas de um banco (ou de qualquer
outra empresa) durante a campanha
eleitoral pode até ser legal, mas é escandalosamente imoral.
Primeiro, porque estabelece concorrência desleal com os demais candidatos, que não tinham um banco por
trás para financiar seus motoristas e
seguranças. Se eu tivesse disputado e
perdido a eleição em Goiás, entraria
já com recurso judicial.
O segundo fato -e mais escandaloso- é que o deputado Henrique
Meirelles ficou devendo uma fatia de
seu mandato a uma empresa privada, por contrato devidamente assinado, e não pelo financiamento que
muitas empresas dão a partidos políticos (fonte aliás de 9 de cada 10 escândalos no mundo todo).
Digamos que Meirelles tivesse assumido o posto para o qual foi eleito.
Digamos que fosse escalado para a
CPI do Banestado e que surgisse uma
suspeita fundada sobre algum executivo do BankBoston. Como Meirelles
votaria se fosse pedida a quebra do
sigilo desse executivo?
O curioso é que Meirelles diz que
abriu mão do contrato que lhe dava
direito a seguranças pagos pelo banco quando assumiu o BC para evitar
"conflito de interesses". Quer dizer
que deputado, então, pode defender
seus interesses ou de seus financiadores, sem conflito?
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