São Paulo, sexta-feira, 27 de agosto de 2004 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Águas para o Nordeste
RUBENS TELLECHEA CLAUSELL
A distribuição racional das águas no Nordeste poderá levar alguns anos, mas criará condições para a ativação das cidades e do campo, da produção alimentar, com progresso na vida familiar e atendimento à demanda externa de carnes, leite, cereais, frutas, mel, fibras e seus subprodutos. No Piauí, com seu grande aqüífero já sendo perfurado, será possível iniciar a distribuição racional das águas, preservando-as para a caatinga. Organizadas as cooperativas rurais, com agrônomos, economistas, engenheiros e veterinários, otbter-se-á sucesso. Será fundamental organizar as cooperativas rurais, com famílias em número suficiente para cada unidade. Cada cooperativa deverá dispor de área, em dimensão adequada, para a mecanização, em rotação de lavouras, com animais em pastos ou confinados em áreas menores. Para ovinos, caprinos, suínos ou aves, serão necessárias instalações cobertas e parques. Com essas instalações, melhoraria rapidamente a alimentação das famílias cooperadas e das populações vizinhas. Produtos excedentes seriam vendidos em regiões próximas do semi-árido, no mesmo princípio básico do Fome Zero. No Nordeste já se faz agricultura e pecuária de alto nível, mas ainda é pouca e esparsa. A produtividade varia muito com o regime de chuvas -passível de controle parcial, na preservação dos solos em curvas de nível. Será necessário trabalhar por etapas e começar escolhendo grupos de trabalhadores de bom nível em conhecimento rural para a gerência das cooperativas rurais. Seriam escolhidos com cuidado os coordenadores das comunidades -pessoas experientes, com disposição para a vida rural e disciplinados no trabalho. As cooperativas de reforma agrária, instaladas em terras legalmente adquiridas, administrando terras e águas hoje disponíveis, com técnicas e equipamentos adequados, atingirão uma agropecuária produtiva. O trabalho de planejamento das unidades cooperativas e de treinamento do pessoal administrativo e operacional deveria ser iniciado pelo Incra, em uma das atuais unidades, passando o mais cedo possível à central cooperativa. Esta coordenaria todas as implantações de novas unidades, seu treinamento operacional e administrativo. As cooperativas auxiliarão as famílias na construção de suas casas, simples e confortáveis, nas "agrovilas", providas de energia elétrica, instalações sanitárias, coleta de água e área privativa para horta e pomar. Todas as cooperativas terão escola primária para as crianças e, ao entardecer, para a alfabetização de adultos. Os que se destacassem nos cursos seriam inscritos nas universidades. É urgente organizar, de início, 20 cooperativas rurais no Nordeste, com média de 250 famílias, para constituir e operar essas unidades econômicas e rentáveis. As famílias ganhariam estabilidade e segurança econômica. Rubens Tellechea Clausell é engenheiro agrônomo. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Jorge Bornhausen: Bolha eleitoral Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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