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VINICIUS TORRES FREIRE
PT, PSDB e cortiços políticos
SÃO PAULO - Falta uma semana para votarmos e parece que a eleição
acabou. Quando faltavam umas três
semanas para votarmos, parecia que
a eleição não tinha começado. É verdade que a disputa menos irrelevante
do ponto de vista político, entre a petista Marta Suplicy e o tucano José
Serra, será mais animada. Mas a
normalidade democrática, a profusão de candidatos vulgívagos e sua
caterva de patranhas não foi acompanhada de manifestação popular
mais incisiva ou debate político menos marasmante, para usar termos
que Graciliano Ramos gostava de escrever quando tratava de política politiqueira.
Não haverá "onda rosa" ou outra
cor nem liderança nova. Os partidos
com alguma identidade restante,
PSDB e PT, dissolvem suas arestas e
os demais confirmam sua vocação de
legendas de alta rotatividade ou de
cortiço político. O que aprenderemos
sobre o país neste pleito caído, como
diz José Simão?
O PFL, antes a alegria dos cientistas
políticos que gostam de fazer continhas, um exemplo de legenda conservadora com unidade e fidelidade
partidária (na era FHC), minguou
com a fuga dos primeiros ratos para
as bandas dos partidos lulistas. Continua a trincar com o duelo de titanics, ACM e Jorge Bornhausen, e foi
quase riscado do mapa das cidades
com mais de 200 mil habitantes e capitais. Corre o risco de se tornar de
vez um cortiço partidário como o
PTB e o PL, talvez um PMDBezinho.
Não houve federalização. O bafejo
de recuperação econômica ainda não
tocou o povaréu, embora o clima geral tenha melhorado -o efeito geral
da economia foi neutro. Mal se falou
de Lula nas campanhas, menos ainda de sua política econômica e muito
menos de outras políticas (que não
existem, de resto). O povo não quis federalizar, também. Haverá dispersão
de resultados, nenhuma legenda poderá cantar vitória decisiva.
Em São Paulo, Marta é a candidata
dos mais pobres, Serra o dos mais ricos e a classe média é rachada pelos
dois. Tanto em São Paulo como no
resto do país menos selvagem, PT e
PSDB vão tomando conta, aos poucos, do cenário político.
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