São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

O crepúsculo dos caciques

BRASÍLIA - O que têm em comum os caciques ACM, Jaime Lerner, Jorge Bornhausen, José Sarney, Marco Maciel, Moreira Franco, Orestes Quércia e Paulo Maluf? Todos passam por dificuldades eleitorais.
Em maior ou menor grau, esses nomes que ocupam o noticiário político há anos -décadas, em alguns casos- enfrentam uma espécie de crepúsculo político. Muitos ainda estarão por aí por um bom tempo, mas com poder reduzido em relação ao que tiveram no passado.
Paulo Maluf está para registrar a sua menor votação dentro da cidade de São Paulo. Como é o nome mais famoso do PP (ex-Arena, ex-PDS, ex-PPR e ex-PPB), é lícito supor que sua sigla entrará em processo irreversível de canibalização por outras maiores, aí incluído o PT.
Jaime Lerner fracassou de maneira rotunda no Paraná. Não fez sucessor no governo do Estado e o prefeito de Curitiba (sua cria) sairá do cargo pela porta dos fundos. A última notícia do paranaense é que havia se mudado para o Rio para tentar ser candidato a prefeito. Depois, sumiu.
Os outros políticos citados são os maiores responsáveis pelo fracasso de duas das maiores siglas do país: PFL e PMDB. Até semana passada, juntos, esses dois partidos tinham chances reais de vitória só em 16 das 72 cidades brasileiras mais importantes -capitais e municípios com mais de 200 mil eleitores.
PMDB e PFL dependem hoje de políticos personalistas. A estrela do PFL é Cesar Maia, no Rio. Ele está no PFL, mas definitivamente não é do PFL. A segunda cidade mais importante com um pefelista na frente é Manaus, com o manjadíssimo Amazonino Mendes. No PMDB, o desalento é semelhante. O município mais relevante no qual a sigla aparece como favorita é Goiânia, com o ex-ministro e ex-senador Iris Rezende. Não se trata, como se vê, de uma renovação.
O recado dos eleitores aos caciques e aos partidos tradicionais é claro. É preciso renovar. Quem não seguir o conselho continuará ladeira abaixo.


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