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FERNANDO RODRIGUES
O crepúsculo dos caciques
BRASÍLIA - O que têm em comum os
caciques ACM, Jaime Lerner, Jorge
Bornhausen, José Sarney, Marco Maciel, Moreira Franco, Orestes Quércia
e Paulo Maluf? Todos passam por dificuldades eleitorais.
Em maior ou menor grau, esses nomes que ocupam o noticiário político
há anos -décadas, em alguns casos- enfrentam uma espécie de crepúsculo político. Muitos ainda estarão por aí por um bom tempo, mas
com poder reduzido em relação ao
que tiveram no passado.
Paulo Maluf está para registrar a
sua menor votação dentro da cidade
de São Paulo. Como é o nome mais
famoso do PP (ex-Arena, ex-PDS, ex-PPR e ex-PPB), é lícito supor que sua
sigla entrará em processo irreversível
de canibalização por outras maiores,
aí incluído o PT.
Jaime Lerner fracassou de maneira
rotunda no Paraná. Não fez sucessor
no governo do Estado e o prefeito de
Curitiba (sua cria) sairá do cargo pela porta dos fundos. A última notícia
do paranaense é que havia se mudado para o Rio para tentar ser candidato a prefeito. Depois, sumiu.
Os outros políticos citados são os
maiores responsáveis pelo fracasso de
duas das maiores siglas do país: PFL e
PMDB. Até semana passada, juntos,
esses dois partidos tinham chances
reais de vitória só em 16 das 72 cidades brasileiras mais importantes
-capitais e municípios com mais de
200 mil eleitores.
PMDB e PFL dependem hoje de políticos personalistas. A estrela do PFL
é Cesar Maia, no Rio. Ele está no PFL,
mas definitivamente não é do PFL. A
segunda cidade mais importante
com um pefelista na frente é Manaus,
com o manjadíssimo Amazonino
Mendes. No PMDB, o desalento é semelhante. O município mais relevante no qual a sigla aparece como
favorita é Goiânia, com o ex-ministro e ex-senador Iris Rezende. Não se
trata, como se vê, de uma renovação.
O recado dos eleitores aos caciques
e aos partidos tradicionais é claro. É
preciso renovar. Quem não seguir o
conselho continuará ladeira abaixo.
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