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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Dilma no limite
SÃO PAULO - "Vocês podem ter
certeza, eu estou preparada para
ser a primeira mulher presidente do
Brasil". Foram as últimas palavras
pronunciadas por Dilma Rousseff
no debate da TV Record, já no início
da madrugada de ontem. Quando
um evento como esse chega ao fim
e, mais uma vez, ela parece ter sobrevivido, seus assessores só podem comemorar aliviados -ufa!
O fato é que Dilma não inspira
certeza sobre nada. É aflitivo vê-la
na TV. Não apenas pelo aspecto
rombudo e robótico da sua figura. A
aflição de Dilma está estampada no
ritmo da sua fala, ao mesmo tempo
lenta e acelerada, feita de arranques e soluços, de frases decoradas
mas quase sempre truncadas.
Como o debate foi na emissora de
Edir Macedo, falar em Deus pegava
especialmente bem. E Dilma falou,
mais de uma vez: "No que depender do meu governo se Deus quiser" -assim, sem pausas, sem vírgulas, sem ênfases, como alguém
que se desincumbe de um fardo.
Dilma passa a impressão de estar
no limite das suas capacidades, a
um triz de um curto-circuito. Isso
apesar da vantagem relativamente
folgada que abriu sobre José Serra
-56% a 44%, segundo o Datafolha.
Não se trata, certamente, de uma
pessoa despreparada. Dilma tem
substância. Mas não é, nunca foi,
uma pessoa preparada para chegar
à Presidência. É uma neófita. Nem
de longe reúne os recursos pessoais
para o exercício da função de seus
antecessores -Lula ou FHC.
Sua candidatura representa a
continuidade de um projeto, mas é
também um capricho de Lula. Ninguém sabe como ela vai arbitrar
conflitos, como irá gerir a máquina
do Estado ou como se sairá enquanto líder política. A rigor, ninguém
sabe qual a turma que ela pretende
atrair para perto de si no poder.
A revelação de que Erenice Guerra fez da Casa Civil um centro de arte em família é um péssimo cartão
de visitas para quem patrocinou a
ascensão da ex-ministra. Sobretudo quando se trata de uma candidata também aclamada no escuro.
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