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FERNANDO RODRIGUES
O fim das avalanches
BRASÍLIA - Faltam poucas horas
para a decisão de domingo sobre
quem sucederá a Lula no Planalto.
Dilma Rousseff (PT) segue favorita,
como indicam os dados da pesquisa Datafolha realizada ontem.
A petista tem 56% contra 44% de
José Serra (PSDB). É uma diferença
de 12 pontos, considerando-se os
votos válidos. Trata-se de vantagem robusta, mas menor do que as
registradas em anos passados. Pode ser o prenúncio de uma nova fase da política brasileira.
Sem Lula no papel de candidato,
o mais bem avaliado presidente da
história brasileira recente, o jogo
ganha em equanimidade.
A eleição atual é diferente das
duas imediatamente anteriores,
que marcaram a ascensão do lulismo. Há quatro e há oito anos, nesta
data, ninguém tinha dúvidas sobre
qual seria o desfecho da disputa.
Nas semanas finais dos segundos turnos de 2002 e de 2006, Lula
ostentava vantagens de 28 e 22 pontos, respectivamente, sobre seus
adversários. Ou seja, comparado a
Dilma, desfrutava do dobro de conforto nas pesquisas.
É claro que Dilma é favorita. Mas
sua vantagem é à la americana. Nos
EUA, é raro um presidente terminar
a eleição tão à frente como Lula em
2002 e 2006, com mais de 60% dos
votos no segundo turno. Em 2008,
apesar da alta popularidade, o democrata Barack Obama teve 53%,
contra expressivos 46% do republicano John McCain.
Avalanches eleitorais são fatos
raros em democracias estáveis. É
natural e bom que seja assim. O
vencedor tem mais clareza do limite de seu poder. Previne-se da arrogância quase inevitável quando
passa de 60% dos votos.
O momento pós-eleição é vital
para acalmar os ânimos de todos os
agentes políticos, responsáveis pela condução do país nos quatro
anos seguintes. A temperança do
presidente eleito é fundamental
nessas horas. Uma votação dentro
da normalidade ajuda qualquer um
a entender o seu tamanho real.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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