São Paulo, quarta-feira, 27 de outubro de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

O fim das avalanches

BRASÍLIA - Faltam poucas horas para a decisão de domingo sobre quem sucederá a Lula no Planalto. Dilma Rousseff (PT) segue favorita, como indicam os dados da pesquisa Datafolha realizada ontem.
A petista tem 56% contra 44% de José Serra (PSDB). É uma diferença de 12 pontos, considerando-se os votos válidos. Trata-se de vantagem robusta, mas menor do que as registradas em anos passados. Pode ser o prenúncio de uma nova fase da política brasileira.
Sem Lula no papel de candidato, o mais bem avaliado presidente da história brasileira recente, o jogo ganha em equanimidade.
A eleição atual é diferente das duas imediatamente anteriores, que marcaram a ascensão do lulismo. Há quatro e há oito anos, nesta data, ninguém tinha dúvidas sobre qual seria o desfecho da disputa.
Nas semanas finais dos segundos turnos de 2002 e de 2006, Lula ostentava vantagens de 28 e 22 pontos, respectivamente, sobre seus adversários. Ou seja, comparado a Dilma, desfrutava do dobro de conforto nas pesquisas.
É claro que Dilma é favorita. Mas sua vantagem é à la americana. Nos EUA, é raro um presidente terminar a eleição tão à frente como Lula em 2002 e 2006, com mais de 60% dos votos no segundo turno. Em 2008, apesar da alta popularidade, o democrata Barack Obama teve 53%, contra expressivos 46% do republicano John McCain.
Avalanches eleitorais são fatos raros em democracias estáveis. É natural e bom que seja assim. O vencedor tem mais clareza do limite de seu poder. Previne-se da arrogância quase inevitável quando passa de 60% dos votos.
O momento pós-eleição é vital para acalmar os ânimos de todos os agentes políticos, responsáveis pela condução do país nos quatro anos seguintes. A temperança do presidente eleito é fundamental nessas horas. Uma votação dentro da normalidade ajuda qualquer um a entender o seu tamanho real.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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