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São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

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COMBATE À AIDS

O mundo está perdendo a guerra contra a Aids. Essa é a conclusão a que se chega a partir da leitura do último relatório anual sobre a moléstia preparado pelo Unaids (Programa Conjunto da ONU sobre HIV/Aids) e pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Só em 2003 a doença matou 3 milhões e infectou 5 milhões de pessoas. O estoque de portadores do vírus é de 40 milhões.
São os piores resultados da história. E a resposta de autoridades políticas e sanitárias à epidemia está muito aquém da necessária, na avaliação de de Peter Piot, o diretor do Unaids. Ele acredita que os impactos sociais e econômicos mais devastadores da Aids ainda estão por vir.
O grande problema ainda é a África. A porção subsaariana do continente abriga entre 25 milhões e 28 milhões de portadores do vírus. Dos 3 milhões de óbitos em 2003, 2,3 milhões ocorreram na região. Outra área problemática é a do Sul e Sudeste da Ásia. Lá existem entre 4,6 milhões e 8,2 milhões de portadores, mas o potencial de crescimento da doença é enorme, pois a região detém 60% da população do planeta, muitas vezes vivendo em condições propícias para o alastramento da síndrome.
Os avanços no campo do tratamento são, como é óbvio, bem-vindos, mas, em alguns casos, podem estar levando autoridades a negligenciar a prevenção. Embora as drogas que compõem o coquetel anti-retroviral já ofereçam boa sobrevida -e com qualidade- para muitos pacientes, a doença permanece fatal. No mais, não há perspectivas, no curto e médio prazos, de que os medicamentos venham a ser acessíveis para todos os doentes do planeta.
Diante de uma mortalidade elevada e de um tratamento caro e difícil, fica evidente que a principal arma contra a epidemia precisa ser a prevenção. Isso vale especialmente para o Brasil, que não pode correr o risco de ignorar medidas preventivas, tornando-se vítima de seu próprio sucesso ao propiciar tratamento universal e gratuito aos portadores da doença.


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