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ELIANE CANTANHÊDE
O que é isso, companheiros?
BRASÍLIA - A notícia de que o PIB só cresceu 0,4% no trimestre, e não o
1,5% previsto pelo IBGE, veio numa
hora ruim. Palocci poderia passar
sem essa. Ou sem mais essa.
Na reunião de Lula com seus petistas, no sábado, o senador e economista Mercadante pressionou Henrique Meirelles (BC) a explicar por que
raios num determinado momento a
taxa de juros do BC passou a cair
bem menos do que a do mercado.
Com ar professoral, e assumindo-se
mais petista do que muito petista
(inclusive desdenhando "esses tucanos"), Meirelles rebateu: "Foi um
ponto de inflexão para evitar novo
processo inflacionário".
Foi um sucesso. Mas, da porta para
fora, o pau está quebrando. E, já que
nós, ou alguns de nós, ficamos chatos
com essa ladainha malvada contra o
governo, que tal deixarmos a palavra com os próprios governistas?
1 - O segundo do BNDES, Darc Costa, chama a Secretaria do Tesouro
(vinculada a Palocci) de "secretaria
da tesoura".
2 - Ciro Gomes, da Integração Nacional, acha o modelo (que é conduzido por Palocci) "criminoso, insustentável, absolutamente vulnerável".
3 - Guido Mantega, secular assessor
econômico de Lula na oposição, acusou a Fazenda (leia-se: Palocci) de
ter "mau humor" por prever um crescimento de apenas 0,4% para o PIB
neste ano. Para Mantega, será 0,8%.
Bem, sem falar no vice, José Alencar, que fala o que quer, na hora que
quer (geralmente contra os juros). E
sem falar no presidente do BNDES,
Carlos Lessa, que não só fala como
faz o que quer, na hora que bem entende. O BNDES é chefiado pelo Desenvolvimento, que, por sua vez, é
atrelado à Fazenda (ou seja, a Palocci). Mas isso não lhe interessa.
Com essa concorrência toda, convenhamos, fica difícil ser colunista.
Afinal, senhores, para que tanto fel,
sectarismo e idiossincrasia?
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