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São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

O que é isso, companheiros?

BRASÍLIA - A notícia de que o PIB só cresceu 0,4% no trimestre, e não o 1,5% previsto pelo IBGE, veio numa hora ruim. Palocci poderia passar sem essa. Ou sem mais essa.
Na reunião de Lula com seus petistas, no sábado, o senador e economista Mercadante pressionou Henrique Meirelles (BC) a explicar por que raios num determinado momento a taxa de juros do BC passou a cair bem menos do que a do mercado.
Com ar professoral, e assumindo-se mais petista do que muito petista (inclusive desdenhando "esses tucanos"), Meirelles rebateu: "Foi um ponto de inflexão para evitar novo processo inflacionário".
Foi um sucesso. Mas, da porta para fora, o pau está quebrando. E, já que nós, ou alguns de nós, ficamos chatos com essa ladainha malvada contra o governo, que tal deixarmos a palavra com os próprios governistas?
1 - O segundo do BNDES, Darc Costa, chama a Secretaria do Tesouro (vinculada a Palocci) de "secretaria da tesoura".
2 - Ciro Gomes, da Integração Nacional, acha o modelo (que é conduzido por Palocci) "criminoso, insustentável, absolutamente vulnerável".
3 - Guido Mantega, secular assessor econômico de Lula na oposição, acusou a Fazenda (leia-se: Palocci) de ter "mau humor" por prever um crescimento de apenas 0,4% para o PIB neste ano. Para Mantega, será 0,8%.
Bem, sem falar no vice, José Alencar, que fala o que quer, na hora que quer (geralmente contra os juros). E sem falar no presidente do BNDES, Carlos Lessa, que não só fala como faz o que quer, na hora que bem entende. O BNDES é chefiado pelo Desenvolvimento, que, por sua vez, é atrelado à Fazenda (ou seja, a Palocci). Mas isso não lhe interessa.
Com essa concorrência toda, convenhamos, fica difícil ser colunista. Afinal, senhores, para que tanto fel, sectarismo e idiossincrasia?


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