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Editoriais
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Continua a discriminação
A PREDISPOSIÇÃO para barrar e maltratar brasileiros
no aeroporto de Barajas,
na capital espanhola, parece que
não foi superada. Nos últimos
dias, relatos de brasileiros que
passaram por constrangimento
indevido ao tentar visitar o país
-ou apenas ali fazer escala- indicam que a discriminação permanece.
Tal prática teve seu auge em fevereiro de 2008. Naquele mês, a
média diária de brasileiros rejeitados em Madri chegou a 15, provocando um incidente diplomático com Brasília. A Polícia Federal aumentou o rigor para a entrada de espanhóis, que também
passaram a ser barrados. Depois
disso, a taxa diária de retidos na
Espanha caiu para quatro.
Na época, diplomatas do Brasil
e da Espanha chegaram a um
acordo que previa maior esclarecimento sobre as exigências para
a entrada em Madri. Além disso,
garantia aos retidos que teriam,
em Barajas, acesso a comunicação, a boas condições de higiene
e à própria bagagem. A OAB firmou parceria com o Conselho
Geral da Advocacia Espanhola
para prestar assistência jurídica
gratuita aos retidos.
As ações surtiram algum efeito, e o número de brasileiros barrados na Espanha, ao longo de
2008, declinou para 2.196 -uma
queda de 27% em relação a 2007.
Ainda assim, persistem os relatos de abuso -como o confinamento durante horas em quarto
pequeno e sem ventilação. Um
conhecido violonista brasileiro
alega ter sido agredido por policiais depois de ter reclamado do
furto de documentos e dinheiro
nas dependências do aeroporto,
no último dia 9.
Cabe ao Itamaraty exigir civilidade e respeito às regras de reciprocidade na recepção de brasileiros. A mesma firmeza poderá
ser necessária, em breve, na relação com outros países europeus.
O continente passa por uma fase
de enrijecimento nas normas anti-imigração, conduta que tende
a se agravar sob crise econômica.
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