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BOMBA PAULISTANA
Um dos efeitos automáticos da recessão é a queda da arrecadação de
tributos. O cenário vale para toda e
qualquer administração pública. Mas
a situação financeira da Prefeitura de
São Paulo tem sua gravidade amplificada por uma dívida -R$ 11 bilhões- que já seria crítica mesmo
em períodos de normalidade e crescimento econômico.
Conforme a Folha noticiou ontem,
somente com relação ao Banco do
Brasil os cofres municipais paulistanos já deixaram de pagar R$ 250 milhões em créditos vencidos. Há ainda
nada menos que R$ 3,5 bilhões vencendo até o final do ano.
O atual prefeito, Celso Pitta, poderia argumentar que foi vítima dos juros elevados, que aumentaram igualmente o endividamento da União,
dos Estados e de outros municípios.
O problema, no entanto, está em
primeiro lugar na ordem de grandeza. A prefeitura movimenta mais dinheiro que grande parte dos Estados.
Endividou-se mais, e sua inadimplência tem efeitos proporcionalmente mais nefastos sobre as instituições ameaçadas pelos chamados
créditos em liquidação, que são os de
recebimento duvidoso. Há, igualmente, um efeito de contaminação
que atinge o esforço de devolver, pelo equilíbrio fiscal, um mínimo de
credibilidade à economia brasileira.
Esse quadro desalentador tem causa, história e autores conhecidos. A
administração anterior, de Paulo Maluf, foi responsável por obras megalomaníacas, realizadas em ritmo insustentável e com fins eleitorais. A
operação, da qual se beneficiou e pela qual foi co-responsável o então secretário das Finanças da cidade, Celso Pitta, contrariou, de maneira frontal, o elementar princípio do equilíbrio das contas públicas
O comportamento irresponsável se
traduz na bomba de efeito retardado
que está agora explodindo no colo
dos paulistanos e do próprio Pitta.
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