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São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003

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MESA DE NEGOCIAÇÃO

Saiu-se bem o governo federal de seu primeiro enfrentamento com os funcionários públicos. Os servidores reivindicavam um reajuste emergencial de salários de 46,95% e ameaçavam entrar em greve. Mas, após uma reunião dos líderes sindicais com nada menos que seis ministros, prevaleceu o bom senso -e a discussão sobre a recuperação das perdas salariais ficou para 2004.
Após o encontro, o ministro Guido Mantega (Planejamento) explicou que 4% é o percentual máximo de reajuste permitido pelo Orçamento da União deste ano. É evidente que esse índice, além de não repor defasagens antigas, não cobre nem sequer a inflação do período (12,53% em 2002, segundo o IPCA). Todos reconhecem, porém, que o momento atual é sabidamente difícil, e os aumentos salariais precisam ser contidos dentro dos estreitos limites impostos pelo esforço para evitar um desequilíbrio nas contas públicas e manter a inflação sob controle.
Além disso, cumpre notar que o maior obstáculo para um realinhamento geral dos vencimentos provém precisamente do problema das aposentadorias integrais pagas pelo setor público aos seus funcionários. Não resta dúvida de que o Estado deve pagar salários justos e competitivos em relação aos oferecidos pelo setor privado, mas isso somente será possível se o próprio funcionalismo aceitar uma reformulação da Previdência que alivie um pouco o peso que os servidores inativos representam hoje para a sociedade brasileira.
De todo modo, a disposição manifestada pelo governo de dialogar cordialmente com os funcionários, mas expondo de forma clara suas dificuldades, merece ser elogiada. Esse empenho não passou despercebido aos sindicalistas, como reconheceu o presidente da CUT, João Felício: "Lula pôs seis ministros numa mesa; é outra coisa lidar com quem te trata com respeito". Por si só, o diálogo não resolveu o impasse, mas evitou uma crise desnecessária e pode abrir o caminho para uma futura solução.


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