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MESA DE NEGOCIAÇÃO
Saiu-se bem o governo federal
de seu primeiro enfrentamento
com os funcionários públicos. Os
servidores reivindicavam um reajuste
emergencial de salários de 46,95% e
ameaçavam entrar em greve. Mas,
após uma reunião dos líderes sindicais com nada menos que seis ministros, prevaleceu o bom senso -e a
discussão sobre a recuperação das
perdas salariais ficou para 2004.
Após o encontro, o ministro Guido
Mantega (Planejamento) explicou
que 4% é o percentual máximo de
reajuste permitido pelo Orçamento
da União deste ano. É evidente que
esse índice, além de não repor defasagens antigas, não cobre nem sequer a inflação do período (12,53%
em 2002, segundo o IPCA). Todos reconhecem, porém, que o momento
atual é sabidamente difícil, e os aumentos salariais precisam ser contidos dentro dos estreitos limites impostos pelo esforço para evitar um
desequilíbrio nas contas públicas e
manter a inflação sob controle.
Além disso, cumpre notar que o
maior obstáculo para um realinhamento geral dos vencimentos provém precisamente do problema das
aposentadorias integrais pagas pelo
setor público aos seus funcionários.
Não resta dúvida de que o Estado deve pagar salários justos e competitivos em relação aos oferecidos pelo
setor privado, mas isso somente será
possível se o próprio funcionalismo
aceitar uma reformulação da Previdência que alivie um pouco o peso
que os servidores inativos representam hoje para a sociedade brasileira.
De todo modo, a disposição manifestada pelo governo de dialogar cordialmente com os funcionários, mas
expondo de forma clara suas dificuldades, merece ser elogiada. Esse empenho não passou despercebido aos
sindicalistas, como reconheceu o
presidente da CUT, João Felício: "Lula pôs seis ministros numa mesa; é
outra coisa lidar com quem te trata
com respeito". Por si só, o diálogo
não resolveu o impasse, mas evitou
uma crise desnecessária e pode abrir
o caminho para uma futura solução.
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